Graciliano Ramos foi um escritor e jornalista brasileiro que fez parte da segunda fase do Modernismo (fase de consolidação), sendo considerado o prosador mais importante da Geração de 30.

No campo literário, escreveu diversas obras entre romances, contos, crônicas e literaturas infanto-juvenis. O estilo de sua narrativa – simples, seco e sem rodeios – propicia uma análise profunda e uma abordagem direta dos personagens e dos cenários retratados.

O autor destaca-se por sua habilidade de abordar os aspectos psicológicos dos personagens, a complexidade das relações humanas e os conflitos sociais caraterísticos do Brasil.

Vida pessoal

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu no dia 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo, pequeno município de Alagoas. 

Filho primogênito de Maria Amélia Ferro Ramos e Sebastião Ramos de Oliveira, ele viveu em várias cidades do nordeste brasileiro. Sua primeira infância foi vivida na Fazenda Pintadinho, em Buíque (PE).

Graciliano tinha 15 irmãos e o início de sua vida foi marcada por dificuldades no relacionamento com os pais, devido à frieza e à rigidez deles.

Em 1889, mudou-se para Viçosa, onde estudou no internato. Suas atividades literárias foram iniciadas aos 11 anos, em 1904, quando ele publicou o conto “O pequeno pedinte”, no jornal do internato.

No ano seguinte, 1905, mudou-se para Maceió e fez matrícula no colégio interno Quinze de Março, onde estabeleceu uma relação de afinidade com a língua portuguesa. 

Em 1906, Graciliano passou a publicar sonetos,  por meio do pseudônimo Feliciano de Oliveira, na revista carioca O Malho. Em 1910, tornou-se colaborador do Jornal de Alagoas, também usando pseudônimos, e foi morar em Palmeira dos Índios (AL).

Em 1914, ao concluir o ensino médio, mudou-se para o Rio de Janeiro, a fim de dar seguimento à sua carreira de jornalista, entretanto, a morte de três dos seus irmãos, em 1915, faz com que ele retorne à Palmeira dos Índios, onde começa a trabalhar com comércio e casa-se com com Maria Augusta Barros.

Graciliano e Maria Augusta tiveram quatro filhos e, cinco anos após o casamento, em 1920, ela faleceu.

Vida pública

Em 1928, Graciliano foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios. No ano seguinte, 1928, concluiu seu primeiro romance e se casou-se com Heloísa Leite de Medeiros, tendo mais quatro filhos. 

Em 1930, renunciou à prefeitura e assumiu a direção da Imprensa Oficial de Alagoas. Após três anos, em 1933, tornou-se diretor da Instrução Pública de Alagoas.

Devido às operações do Governo Constitucional de Getúlio Vargas, Graciliano foi preso em 1936 sob a acusação de ser comunista e permaneceu encarcerado durante quase um ano, até ser inocentado por falta de provas.

Depois de ser liberado, foi morar no Rio de Janeiro, onde assumiu um novo cargo público, em 1939, como Inspetor Federal Secundário. Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e dedicou-se à literatura até sua morte,

Graciliano faleceu dia 20 de março de 1953, aos 60 anos, vítima de câncer no pulmão.

O autor escreveu mais de vinte livros, entre obras éditas e póstumas, além de duas traduções de romances estrangeiros.

A literatura de Graciliano Ramos

A literatura de Graciliano Ramos traduz um dos principais expoentes do Modernismo de 30: o pessimismo sobre o subdesenvolvimento. 

Portanto, de forma geral, suas obras são caracterizadas por uma profunda ausência de otimismo em relação ao homem. O autor cria situações em que as personagens encontram-se sempre inquietas por questões relacionadas à existência humana.

Em suas obras, cada personagem representa um tipo social real, elaborado a partir da combinação entre a pesquisa de aspectos psicológicos dos seres humanos e os traços sociais característicos do Brasil.

Repleta de análises psicológicas retratadas por meio de uma linguagem rigorosa, a literatura de Graciliano fala sobre a vida como ela é, adotando uma postura crítica da sociedade. 

Entre as temáticas mais abordadas estão a seca nordestina, os problemas do trabalhador rural, os dilemas e a miséria enfrentada pelo ser humano no meio hostil, cujas condições sociais não apresentam nenhuma solução.

Obras de Graciliano Ramos

Obras éditas

  • 1933 – Caetés (romance);
  • 1934 – São Bernardo (romance);
  • 1936 – Angústia (romance);
  • 1938 – Vidas secas (romance);
  • 1939 – A terra dos meninos pelados (infantil);
  • 1942 – Brandão entre o mar e o amor (romance em parceria com Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Jorge Amado);
  • 1944 – Histórias de Alexandre (infantil);
  • 1945 – Infância (memórias);
  • 1945 – Dois dedos (contos);
  • 1946 – Histórias incompletas (contos);
  • 1947 – Insônia (contos).

Obras póstumas

  • 1953 – Memórias do cárcere (memórias);
  • 1954 – Viagem (crônicas);
  • 1962 – Linhas tortas (crônicas);
  • 1962 – Alexandre e outros heróis (infantil);
  • 1962 – Viventes das Alagoas (crônicas, ensaios e textos ficcionais);
  • 1980 – Cartas (correspondência);
  • 1992 – Cartas de amor à Heloísa (correspondência);
  • 2012 – Garranchos (crônicas, artigos, discursos e textos inéditos);
  • 2014 – Cangaços (crônicas e outros textos inéditos);
  • 2014 – Conversas (entrevistas).

Traduções

  • 1940 – Memórias de um negro, de Booker T. Washington;
  • 1950 – A peste, de Albert Camus.

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