Língua Portuguesa e Literatura para o Enem

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Graciliano Ramos – vida e obra

Graciliano Ramos foi um escritor e jornalista brasileiro que fez parte da segunda fase do Modernismo (fase de consolidação), sendo considerado o prosador mais importante da Geração de 30.

No campo literário, escreveu diversas obras entre romances, contos, crônicas e literaturas infanto-juvenis. O estilo de sua narrativa – simples, seco e sem rodeios – propicia uma análise profunda e uma abordagem direta dos personagens e dos cenários retratados.

O autor destaca-se por sua habilidade de abordar os aspectos psicológicos dos personagens, a complexidade das relações humanas e os conflitos sociais caraterísticos do Brasil.

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Graça Aranha – vida e obra

Graça Aranha foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escritor, advogado e diplomata, participou da Semana de Arte Moderna de 1922.

O romancista fez parte do pré-modernismo e suas obras apresentam traços simbolistas e naturalistas, além de trazer características do nacionalismo modernista.

Vida pessoal e profissional

José Pereira da Graça Aranha nasceu no dia 21 de junho de 1868, em São Luís, no Maranhão.

Em 1882, antes de completar 15 anos, conseguiu autorização do governo para cursar Direito. No mesmo ano, iniciou o curso de Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Recife.

Após sua formatura, em 1886, Graça Aranha foi morar no Rio de Janeiro, onde atuou exerceu o Direito no município de Campos.

Depois, se mudou para o Espírito Santo, onde trabalhou na cidade de Porto do Cachoeiro.

No ano de 1897, contribuiu para a fundação da Academia Brasileira de Letras. Em seguida, iniciou suas atividades como diplomata e, até 1920, atuou na Europa.

Ao retornar para o Brasil, em 1921, teve o primeiro contato com os novos artistas paulistas quando foi até a exposição Fantoches da Meia-Noite, de Di Cavalcanti.

Em 1922, participou da organização da Semana de Arte Moderna. Nesse mesmo ano, Graça Aranha foi preso e ficou encarcerado por cerca de um mês, como suspeito de conspiração na revolta militar contra o presidente eleito, Artur Bernardes. 

Quando foi libertado, a polícia o convocou novamente. Com medo de ser preso outra vez, fugiu para o interior de São Paulo.

Após dois anos, o escritor voltou aos noticiários ao pedir afastamento da Academia Brasileira de Letras, sob o argumento de que ela não admitia reformas e nenhum outro tipo de renovação.

Ainda jovem, Graça Aranha se casou com Maria Genoveva de Araújo. Entretanto, se separou, não oficialmente, em 1928, para ficar com Nazareth Prado, seu verdadeiro amor.

O romancista faleceu no dia 26 de janeiro de 1931, no Rio de Janeiro.

No livro Cartas de amor, publicado em 1935, está parte da história do relacionamento vivido entre Graça Aranha e Nazareth Padro, reunindo cartas que ele enviou para ela de 1911 a 1927.

A literatura de Graça Aranha

Graça Aranha é um escritor do pré-modernismo (período de transição entre o simbolismo e o modernismo na literatura brasileira), portanto, suas obras publicadas de 1902 a 1922 são consideradas pré-modernistas.

Logo, seus livros têm características do modernismo, como o regionalismo e o nacionalismo, mas também são percebidas marcas do naturalismo (estilo literário do fim do século XX).

A visão do Brasil é mais realista, sem idealizações, expondo conflitos políticos e sociais. Além disso, como influência do naturalismo, o autor também aborda questões raciais. 

A temática da imigração, inclusive, faz parte de sua obra mais famosa, Canaã, em que pensamentos racistas são abordados pelos personagens, trazendo a miscigenação brasileira para a história.

O simbolismo também influenciou a obra do romancista. A crítica especializada identifica traços desse estilo no livro Canaã e na peça de teatro Malazarte.

Nessas obras, a impressão dos personagens sobre a realidade, por meio da reflexão filosófica e do monólogo interior, se destacam sobre a ação.

Obras de Graça Aranha

  • Canaã (1902) — romance
  • Malazarte (1911) — teatro
  • Estética da vida (1921) — ensaio
  • Espírito moderno (1925) — ensaio
  • A viagem maravilhosa (1929) — romance
  • O meu próprio romance (1931) — memórias

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Cecília Meireles: A Vida e Obra da Grande Poetisa Brasileira

Homenageada inúmeras vezes, dentro e fora do país, Cecília Meireles foi uma mulher fora da curva, que desde pequena mostrou seu talento e sua tendência para o mundo das artes. 

Nesse texto vamos apresentar o trabalho e a vida dela, que passou por tantos contratempos, e ainda assim, se sobressaiu e deixou seu legado.

Cecília Meireles: vida e obra

Quem foi Cecília Meireles?

Cecília Meireles foi uma escritora, professora, jornalista e pintora, considerada a principal representante feminina da segunda geração do modernismo brasileiro. Também é amplamente considerada a melhor poetisa do Brasil, ainda que tivesse horror a que a chamassem de poetisa, tendo preferência pelo termo poeta.

Vida pessoal

Nascida no Rio Comprido, bairro da zona norte do Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu para fazer história. 

Ficou órfã de pai – Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil – antes mesmo de nascer, e de mãe – Mathilde Benevides Meireles, professora primária da rede pública do Rio de Janeiro – aos 3 anos, sendo então criada pela avó portuguesa – Jacinta Garcia Benevides – que era rígida, e não permitia que brincasse com as crianças na rua, transformando-a numa criança solitária e apegada aos livros, sua melhor companhia.

Em 24 de outubro de 1922, casou-se com o português Fernando Correia Dias, que era pintor, desenhista, ilustrador e artista plástico. O casal teve três filhas: Maria Elvira (1923), Maria Mathilde (1924) e Maria Fernanda (1925). Devido ao quadro de depressão, Fernando se suicidou em 1935, e Cecília casou-se pela segunda vez em 1940 com Heitor Grillo.

Após uma vida dedicada à arte, ao conhecimento e a viagens pelo mundo, Cecília Meireles faleceu dia 9 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro, vítima de um câncer no estômago, com o qual lutava desde 1962.

A professora Cecília Meireles

Seus primeiros estudos foram na Escola Municipal Estácio de Sá, e se destacou pelo empenho nos estudos e boas notas ainda tão nova, tanto que recebeu a Medalha de Ouro Olavo Bilac, em 1910, das mãos do próprio Olavo Bilac, que era inspetor de sua escola. 

Nesse período, a menina que já demonstrava todo o seu amor pelos livros, começou a escrever seus primeiros versos.

Em 1917, formou-se na Escola Normal do Rio e no ano seguinte começou a lecionar no ensino primário na Escola Pública Deodoro. 

Depois de alguns anos tornou-se professora não só de Literatura Luso-brasileira mas também lecionou Técnica e Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal, e mais tarde foi professora do curso de Literatura e Cultura Brasileiras na Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

Carreira de Cecília Meireles

Seu livro de estreia foi Espectros, em 1919 com apenas 18 anos, sob a influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, de inspiração neo simbolista. Alguns dos seus textos possuíam forte tendência ao social e à psicanálise. Foi um nome de destaque no grupo “Poesia de 30”, formado na segunda fase do modernismo.

Depois de lecionar por anos e também ministrar palestras em conferências nacionais e internacionais, Cecília Meireles, no Rio de Janeiro em 1927, circulou a revista Festa, fundada por Tasso da Silveira e Andrade Muricy.

A revista modernista tentava revalorizar a linha espiritualista de tradição católica e tinha Cecília Meireles entre seus colaboradores. Dois anos depois, escreveu para O Jornal, também do Rio de Janeiro, e, em 1930, dirigiu  seção do Diário de Notícias.

Viajou para diversos lugares, sempre com o objetivo de levar cultura e debater variados temas, como podemos ver numa agenda de eventos que contaram com sua participação:

1934 – Conferências sobre Literatura Brasileira em Lisboa e Coimbra (Portugal), a convite do governo português; 

1935 a 1938 – Professora de Literatura Luso-brasileira e de Técnica e Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal (que na época estava sediada no Rio de Janeiro);

1940 – Professora do curso de Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas, em Austin, Estados Unidos, além de participar de conferências sobre literatura, folclore e educação no México;

1953 – Congresso sobre Gandhi, em Goa, na Índia, a convite do primeiro-ministro Jawaharlal Nehru.

Características da literatura de Cecília Meireles

Cecília Meireles iniciou na literatura por meio da “corrente espiritualista” dos poetas do grupo da revista Festa, mas posteriormente afastou-se deles.

Suas obras apresentam as seguintes características principais:

  • linguagem que valoriza os símbolos;
  • imagens sugestivas com apelos sensoriais;
  • musicalidade nos versos;
  • uso tanto de versos regulares e brancos, quanto de versos livres;
  • literatura intimista, introspectiva, de frequente viagem interior;
  • obra com atmosfera de sonho, de fantasia e, ao mesmo tempo, de solidão e padecimento;
  • o tempo é personagem central: ele passa, é fugaz, fugidio;
  • a vida também é fugaz e a morte é uma presença no horizonte.

Influências e inspirações nas suas obras

Sempre muito intuitiva, sem ligar-se diretamente a um estilo ou técnica, algumas das publicações de Cecília Meireles pendiam para o Simbolismo, incluindo solidão, misticismo, religiosidade e um destemor a morte, já que antes mesmo de nascer ela esteve presente.

Porém em 1939, com o livro Viagem, embarcou no estilo modernista de poesia, com tendências a musicalidade, paralelismos e para o verso curto, como as antigas poesias portuguesas.

A influência de Cecília Meireles na educação infantil

Lecionou por alguns anos, e inaugurou em 1934 a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro e do Brasil, ao dirigir o Centro Cultural Infantil do Pavilhão Mourisco. 

Pavilhão Mourisco: local de trabalho de Cecília Meireles
Pavilhão Mourisco: local de trabalho de Cecília Meireles

No período que escreveu para o Diário de Notícias grande parte seus textos eram sobre educação, voltados em sua maioria para dar luz aos problemas educacionais que o Brasil apresentava. 

Além é claro dos debates e eventos que participava mundo afora sobre educação, literatura brasileira, teoria literária e folclore, temáticas essas que sempre apoiou e foi defensora ferrenha. 

Finalmente, em 1951, se aposentou do cargo de diretora escolar que ocupava.

Principais obras de Cecília Meireles

O trabalho literário de Cecília Meireles é vasto, contando com mais de 50 publicações. Dentre elas, destacam-se:

  • 1919 – Espectros 
  • 1923 – Criança, meu amor 
  • 1923 – Nunca mais… e Poemas dos Poemas 
  • 1924 – Criança meu amor… 
  • 1925 – Baladas para El-Rei 
  • 1929 – O Espírito Vitorioso 
  • 1930 – Saudação à menina de Portugal 
  • 1935 – Batuque, Samba e Macumba 
  • 1937 – A Festa das Letras 
  • 1939 – Viagem 
  • 1942 – Vaga Música
  • 1945 – Mar Absoluto 
  • 1945 – Rute e Alberto 
  • 1947 – O jardim 
  • 1949 – Retrato Natural 
  • 1950 – Problemas de Literatura Infantil 
  • 1952 – Amor em Leonoreta 
  • 1953 – Romanceiro da Inconfidência 
  • 1953 – Batuque 
  • 1955 – Pequeno Oratório de Santa Clara 
  • 1955 – Pistoia, Cemitério Militar Brasileiro 
  • 1955 – Panorama Folclórico de Açores 
  • 1956 – Canções 
  • 1957 – Romance de Santa Cecília 
  • 1957 – A Bíblia na Literatura Brasileira 
  • 1957 – A Rosa 
  • 1958 – Obra Poética 
  • 1960 – Metal Rosicler
  • 1961 – Poemas Escritos na Índia

Frases marcantes de Cecilia Meireles

Veja abaixo algumas das frases mais conhecidas de Cecília Meireles:

  • “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”.
  • “Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos”
  • “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre”.
  • “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.
  • “Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua”.
  • “A juventude de hoje? Acho que são meninos que não têm tempo de crescer.”
  • “Cada geração acredita que traz uma nova voz e uma nova mensagem.”
  • “A arte abstrata é uma alusão.”
  • “Educação é botar, dentro do indivíduo, uma estrutura de sentimentos, um esqueleto emocional.”
  • “A vida mudou quase de repente.”
  • “Todos queremos prolongar o tempo.”
  • “Cada minuto é um mistério.”
  • “Alguém pode estar sendo feliz, até sem o saber.”
  • “A distância unifica tudo em silêncio.”

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Semana de Arte Moderna de 1922 – principais marcos e personagens

A imagem traz o convite para um dos dias da Semana de Arte Moderna de 1922.
A imagem traz o convite para um dos dias da Semana de Arte Moderna de 1922

A Semana de Arte Moderna foi o ponto de consolidação do Modernismo brasileiro. O evento, que aconteceu em São Paulo entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, reuniu artistas de diferentes áreas (pintura, literatura, arquitetura, música, escultura) no Theatro Municipal de São Paulo.

O objetivo era introduzir no contexto brasileiro as novas tendências da arte, inspiradas principalmente nas Vanguardas Europeias. Neste artigo, vamos fazer uma análise completa desse encontro e explicar sua importância histórica, social e cultural. Vejamos!

Contexto histórico

O início do século XX foi marcado pela instalação das primeiras indústrias no Brasil, mais especificamente no estado de São Paulo. Também foi o período de ouro da cafeicultura. Esses dois processos permitiram o surgimento de uma nova burguesia no país. Esse grupo teve um papel fundamental no financiamento dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna.

Com o apoio desses mecenas, vários expoentes do Modernismo brasileiro puderam ir estudar na Europa. Com isso, acabaram influenciados pelas correntes das Vanguardas Europeias.

No campo da arte, predominava no Brasil o Parnasianismo, tido como um movimento mais conservador. Essa escola artística se caracterizou pela valorização da forma sobre o conteúdo (como a preocupação com a metrificação dos poemas), pelo academicismo, pela erudição e pela proposta de “arte pela arte”.

Nesse sentido, os organizadores da Semana tinham como objetivo romper com esse padrão dominante e promover uma nova estética para a arte no país. O movimento foi inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville na França.

Vale destacar que 1922 foi também o ano do centenário da Independência do Brasil. Esse marco também estimulou os modernistas a organizarem o evento que representaria uma espécie de refundação do país, renovando a arte nacional.

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José Lins do Rego – vida e obra

José Lins do Rego foi um romancista e jornalista paraibano que fez parte da Geração de 30 do modernismo brasileiro. O autor integrou o “Movimento Regionalista do Nordeste”, é patrono da Academia Brasileira de Letras e teve sua obra Riacho Doce transformada em minissérie de televisão.

Vida pessoal e profissional

José Lins do Rego Cavalcanti nasceu em 3 de junho de 1901, no Engenho Corredor, no município de Pilar, Paraíba. Seu pai, João do Rego Cavalcanti, e sua mãe, Amélia Lins Cavalcanti, eram de uma tradicional família da oligarquia do Nordeste açucareiro. No mesmo ano de seu nascimento, ficou órfão de mãe e sua criação ficou por conta de seus avós.

Seus primeiros estudos foram no Instituto Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Itabaiana, em regime de internato. Depois fez o curso secundário em João Pessoa, no Colégio Diocesano Pio X. Em 1918, após presenciar a decadência dos engenhos de açúcar, que deu lugar às usinas, mudou-se para o Recife. Nessa cidade, estudou no Colégio Carneiro Leão e Osvaldo Cruz.

No ano seguinte à mudança, matriculou-se na Faculdade de Direto do Recife. Enquanto cursava o ensino superior, fez amizade com os escritores José Américo de Almeida, Olívio Montenegro e, principalmente, com o polímata Gilberto Freyre, quem muito o influenciou. Nessa época, passou a colaborar no Jornal do Recife

José Lins formou-se em 1923 e, dois anos depois, já estava ocupando o cargo de promotor, em Manhuaçu, Minas Gerais. Casou-se com D. Filomena Masa Lins do Rego em 1924. Em 1926, mudou-se para Maceió e lá trabalhou como fiscal de bancos e de consumo até 1935, além de ter escrito para o Jornal de Alagoas.

Paralelamente, em 1932, publicou com os próprios recursos o seu primeiro livro, Menino de engenho, o qual lhe rendeu o Prêmio Graça Aranha.

A partir de 1935, transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como fiscal do imposto de consumo novamente e colaborou em alguns jornais, mas sem deixar de lado suas produções literárias. Entre 1942 e 1954, foi secretário-geral da Confederação Brasileira de Desportos.

Em 15 de setembro de 1955, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo o quarto ocupante da Cadeira 25, na sucessão de Ataulfo de Paiva.

Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1957.

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Vanguardas Europeias: principais características

Vanguardas Europeias são um conjunto de tendências artísticas que ocorreram em diversos locais do continente europeu, sobretudo em Paris, a partir do início do século XX. 

“Vanguarda” é como são chamadas as tropas militares que estão à frente do exército. Por isso, metaforicamente, o termo também representa pioneirismo.

Nos séculos XVII, XVIII e XIX, a Europa era vista como um berço de grandes criações artísticas, no entanto, vários artistas sentiam-se amarrados aos moldes tradicionais.

Com o objetivo de ressignificar o que até então era considerado arte, os artistas das vanguardas violaram os padrões e fizeram inúmeros experimentos estéticos com novas técnicas e materiais, abrindo o caminho para a criação da arte moderna.

No Brasil, elas tiveram influência direta sobre o Modernismo, movimento iniciado na Semana de Arte Moderna de 1922.

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Érico Veríssimo – vida e obra

Érico Veríssimo é um dos nomes mais significativos do romance brasileiro. O autor despontou na década de 1930, durante a segunda fase do modernismo, período que produziu uma literatura de caráter mais construtivo, de maturidade, aproveitando as conquistas da geração de 1922 e sua prosa inovadora.

É o representante gaúcho dentro do regionalismo modernista e sua obra mais famosa é a trilogia O tempo e o vento, publicada em sete volumes. 

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Clarice Lispector – vida e obra

Clarice Lispector foi uma escritora, jornalista e tradutora da segunda metade do século XX. Consagrou-se como uma das escritoras brasileiras mais influentes da terceira fase do modernismo, fase da “Geração de 45”, sendo o nome mais importante da prosa brasileira de sua época, ao lado de Guimarães Rosa.

Vida pessoal e profissional

Clarice Lispector nasceu dia 10 de dezembro de 1920, em Tchetchelnik, na Ucrânia. Meses após o seu nascimento, sua família fugiu da perseguição aos judeus, indo para a Moldávia e Romênia. Em 1922, mudam-se para o Brasil, mais especificamente para a cidade de Maceió, onde estavam alguns parentes.

O nome de batismo de Clarice é Haia (Vida) e, assim como todos de sua família, teve o nome abrasileirado ao chegar aqui. Em 1925, sua família se mudou para Recife, onde viveu a maior parte da sua infância.

Sua mãe Marieta, que sofria de paralisia, faleceu em 1930. Nessa época, com apenas sete anos de idade, Clarice escreveu sua primeira peça de teatro, Pobre menina rica, assim como outros textos curtos que tentou publicar na seção infantil que saía às quintas-feiras num diário recifense. Porém, seus textos nunca foram aceitos.

Mudou-se para o Rio de Janeiro no início da adolescência, em 1935. Três anos depois, ingressou no Curso Complementar do Colégio Andrews, em Botafogo, e começou a trabalhar como professora particular de Português e Matemática. Em 1938, foi aprovada em quarto lugar no vestibular da Faculdade Nacional de Direito e passou a trabalhar como secretária de um escritório de advocacia.

Dois anos depois, seu pai veio a falecer após uma cirurgia de vesícula. Nessa mesma época, Clarice trabalhava como repórter na Agência Nacional, do Departamento de Imprensa e Propaganda. Em fevereiro de 1942, foi transferida para a redação do jornal A Noite, extensão da Agência Nacional.

Após mais de dez anos de tentativas, finalmente conseguiu se naturalizar brasileira em janeiro de 1943. Nesse mesmo mês, casou-se com o diplomata Maury Gurgel Valente, que conheceu na faculdade de Direito, e publicou seu primeiro livro, Perto do coração selvagem, escolhido romance do ano pela Fundação Graça Aranha.

Devido à profissão do marido, foi morar em Nápoles, Itália. Em 1946, lançou seu segundo livro, O lustre, em uma temporada carioca. No mesmo ano, mudou-se para Berna, Suíça, com o marido, onde nasceu seu primeiro filho, Pedro Gurgel Valente, dois anos depois.

Clarice retornou para o Brasil em 1949 e lançou seu terceiro livro, A cidade sitiada. Entre maio e setembro de 1952, escreveu para a página Entre Mulheres no jornal Comício, do Rio de Janeiro, sob o pseudônimo de Tereza Quadros. No mesmo ano, lançou Alguns contos, seu primeiro livro de contos, e mudou-se para Washington, EUA, onde deu à luz ao segundo filho, Paulo Gurgel Valente, em 1953.

Mas as constantes viagens do marido abalaram o casamento de Clarice, que não quis abrir mão da carreira para acompanhá-lo. Além disso, o filho mais velho do casal sofria com esquizofrenia, o que também dificultava as viagens. Portanto, em 1959 Clarice separou-se do marido e voltou para o Rio de Janeiro para viver com os filhos.

Desde então, dedicou-se a escrever cada vez mais e recebeu mais alguns prêmios importantes: 

– o romance A maçã no escuro foi ganhador do prêmio Carmen Dolores Barbosa de melhor livro do ano, em 1961;

–  o seu primeiro livro infantil, O mistério do coelho pensante, foi eleito o melhor livro infantil do ano de 1967 pela Campanha Nacional da Criança;

– o famoso romance Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres veio em 1969 e foi ganhador do prêmio Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro;

– em 1976, recebeu prêmio pelo conjunto da obra da Fundação Cultural do Distrito Federal.

Como também falava fluentemente diversos idiomas, Clarice dedicou-se intensamente à tradução para o português de obras de grandes escritores, tais como Jorge Luis Borges, Garcia Lorca, Jack London, Júlio Verne, Agatha Christie e Edgar Allan Poe.

Faleceu por conta de um câncer de ovário, no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu aniversário de 57 anos.

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Movimento Antropofágico – origem, representantes e obras

O movimento antropofágico foi um movimento cultural nacionalista que surgiu em 1928, durante a primeira fase do Modernismo (1922 – 1930).

Liderado por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, é considerado um movimento de vanguarda e esteve ligado ao contexto da Semana de Arte Moderna de 1922.

Origem do movimento antropofágico

A origem do movimento antropofágico está numa famosa tela pintada por Tarsila do Amaral para presentear seu então marido Oswald de Andrade, no aniversário dele em janeiro de 1928.

A tela foi batizada por Oswald e Raul Bopp de “Abaporu” (aba = homem; poru = que come), nome inspirado nos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoravam seus inimigos para lhes extrair a força, nascendo assim a ideia do movimento.

Então em maio de 1928, Oswald publicou o primeiro manifesto antropófago ou antropofágico na Revista de Antropofagia, do estado de São Paulo. Inspirado nas ideias primitivistas do francês André Breton, o escritor propunha a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural. Ou seja, o manifesto defendia uma arte genuinamente brasileira. 

Esse movimento surgiu como uma nova etapa no nacionalismo “Pau-Brasil”, também liderados por Oswald e Tarsila do Amaral, e como resposta ao grupo do Verde-Amarelismo, formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo, os criadores da Escola da Anta.

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Modernismo: o que é, características, fases e obras

Aqui vamos explicar a vocês um pouco mais sobre um dos mais conhecidos e importantes movimentos culturais que deixou enorme herança cultural para nossa sociedade, e ganhou tamanho vulto que acabou por dominar a cena brasileira da época e muitos anos depois virou até tema de enredo de escola de samba. 

Vamos conhecer o Modernismo, suas características, ideais e principais artistas.

Era pré-modernismo e contexto histórico

Um período conhecido como de transição no mundo das artes em geral, pois entre 1902 e 1922 foram produzidas obras que não correspondiam às tendências da época, o realismo, naturalismo, simbolismo e parnasianismo. 

Ou seja, eram obras que se identificavam pouco com o que era comum à época e mais com o que se apresentaria a seguir na era do Modernismo.

O que foi o modernismo?

O Modernismo foi um dos mais famosos movimentos culturais, literários e artísticos, iniciado na primeira metade do século vinte, vindo na sequência do pré-modernismo, e no meio de um mundo cheio de conflitos, crises sociais e políticas, por isso tinha como características a força da sua crítica social à época, o nacionalismo e a valorização da liberdade estética

Principais características do modernismo

Teve início em meados de 1922 e foi um movimento inspirado pelas ações vanguardistas europeias, que foram movimentos que romperam de maneira agressiva com os padrões de arte da época, ditos tradicionais, e que resultaram em variados tipos de manifestações artísticas feitas antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. 

As Vanguardas Europeias foram:

  • Cubismo – Teve início em 1907 na França, com Pablo Picasso e Guillaume Apollinaire oferecendo as primeiras e grandes contribuições. De caráter anárquico e anti-intelectual, influenciou o surgimento em meados de 50 e 60 da poesia concreta no Brasil.
  • Futurismo – Em 1909 Filippo Tommaso Marinetti publicou seu primeiro manifesto, com apelo violento e radical, para surpresa de todos. Em 1912 o próprio Filippo lança o Manifesto Técnico da Literatura Futurista em que tratava com menor importância a sintaxe.
  • Expressionismo – Teve início na Alemanha, em 1910, com os pintores Kandinsky, Paul Klee, Chagall e Munch, que se preocupavam pouco com os conceitos de bonito e feio. Foi amplamente divulgado no Brasil e mundo afora pela também pintora Anita Malfatti.
  • Surrealismo – André Breton, em Paris, 1924, publicou o primeiro manifesto surrealista, em que buscava unir psicanálise e arte. Na parte literária Louis Aragon e Antonin Artaud se destacaram, assim como Salvador Dalí, Max Ernst, Joan Miró e Jean Arp nas artes plásticas.
  • Dadaísmo – Em 1916, um grupo de refugiados na Suíça deram início ao Dadaísmo, o mais radical de todos os movimentos da vanguarda europeia. Os dadás não concebiam a possibilidade de produzir arte em meio a tanto sangue e tantas mortes, provenientes da Segunda Guerra, e por isso se esmeraram em ridicularizar qualquer tipo de obra. Eram desordenados, ilógicos e inventaram palavras com sonoridade imponente. Seus destaques são Tristan Tzara, Francis Picabia, Philippe Soupault e André Breton.

Modernismo no Brasil: conheça as principais fases

O Modernismo realmente teve como marco inicial no Brasil a Semana de Arte Moderna, que aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922. Liderada pelo chamado “Grupo dos Cinco” composto por Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.

Foi um evento marcado pelo surgimento de todos os tipos de expressões artísticas, inovadoras, que rompiam com o que já fora feito e apresentado anteriormente.

Tinha como intento a divulgação das chamadas Vanguardas Europeias, mas sem perder a tomada de consciência do que se passava no país. 

O Modernismo conseguiu o que até então era inédito, unir artistas que já vinham com ideias modernistas a todos os outros, sem essa linha de raciocínio.

Primeira geração modernista  (1922-1930) – a fase heróica ou de destruição 

Os primeiros atos dos artistas da primeira geração foram considerados radicais, pois pretendiam romper com toda e qualquer linha artística passada (Antipassadismo). Buscavam renovação estética e uma identidade nacional. A massiva divulgação e posicionamento desse novo Movimento Antropofágico, fez com que fossem considerados anarquistas por muitos que não aceitaram bem o caráter crítico à realidade brasileira. A busca da identidade cultural brasileira com a valorização do folclore e o culto à informalidade na sintaxe também marcou essa primeira fase.

Segunda geração (1930-1945) – a fase de consolidação ou geração de 30 

Teve duração de 1930 a 1945, quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim. Nesse segundo momento os artistas demonstraram mais equilíbrio, mais amadurecimento plástico e literário, e a consolidação da poesia brasileira. Cercada de temas nacionais e regionais, com grande quantidade de textos em verso e prosa. Grande quantidade de material foi produzido nessa fase.

Terceira geração modernista  (1945-1960) – a geração de 45 

Com início em 1945, essa terceira e última fase do Modernismo foi da busca por equilíbrio nas composições, os chamados neoparnasianos, que se voltaram ao culto da métrica e forma, inspiradas no Parnasianismo e no Simbolismo. 

A poesia já estava difundida, e surgia uma nova literatura voltada para a prosa, a prosa urbana, intimista e regionalista.

Principais artistas e obras do modernismo

Entre tantas vertentes artísticas, vamos apresentar alguns nomes realmente marcantes do Modernismo, nas áreas literária e plástica.

Modernismo literário 

  • Manuel Bandeira – 1886 – 1968
  • Mário de Andrade – 1893 – 1945
  • Oswald de Andrade – 1890 – 1954

Modernismo em prosa e poesia 

  • Clarice Lispector – 1920 – 1977
  • Guimarães Rosa – 1908 – 1967
  • João Cabral de Melo Neto – 1920 – 1999
  • Mario Quintana – 1906 – 1994

Modernismo dos chamados “Romance de 30”

  • Érico Veríssimo – 1905 – 1975
  • Jorge Amado – 1912 – 2001
  • José Lins do Rego – 1901 – 1957
  • Rachel de Queiroz – 1910 – 2003

Modernistas dos chamados “Poesia dos 30”

  • Carlos Drummond de Andrade – 1902 – 1987
  • Cecília Meireles – 1901 – 1964
  • Graciliano Ramos – 1892 – 1953
  • Jorge de Lima – 1893 – 1953
  • Murilo Mendes – 1901 – 1975
  • Vinícius de Moraes – 1913 – 1980

Modernismo nas artes

  • Anita Malfatti – 1889 – 1964
  • Cândido Portinari – 1903 – 1962
  • Di Cavalcanti – 1897 – 1976
  • Tarsila do Amaral – 1886 – 1973

O que foi o pós-modernismo?

O pós-modernismo também foi um movimento cultural, mas ao contrário do seu antecessor, ficou mais caracterizado pela chegada das mudanças científicas e tecnológicas da época.

Sempre contemporâneo, iniciou em 1945 após a Segunda Guerra Mundial, mas só em 1960 ganhou o mundo e contagiou todos os setores da sociedade.

Existia um grande questionamento na época, dúvidas existenciais e sobre a forma como o mundo funcionava. 

Foi marcado por uma época em que as desigualdades advindas das modernidades se escancararam, e muitos utopistas desistiram dos seus sonhos.

Um dos grandes nomes dessa fase foi Andy Warhol, super conhecido por suas obras e filmes.

Características do pós-modernismo: 

• Exploração do humor, do lúdico e da metalinguagem;

• Fragmentada, híbrida, sem hierarquia;

• Desconstrução de valores e pluralização dos gêneros;

• Espetacularização social, ou seja, transformar todos os aspectos do cotidiano um espetáculo;

• Uso das mídias e tecnologias para a composição de peças

• Teve o Pop Art, Minimalismo, Expressionismo Abstrato como seus principais movimentos 

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