O Parnasianismo é uma das escolas literárias mais cobradas em provas de concursos públicos, especialmente por sua relevância histórica e pela qualidade técnica de seus autores. Por isso, este artigo explora, em profundidade, os principais aspectos do movimento, incluindo contexto histórico, características, autores, obras, relação com outras escolas literárias e questões de concursos. Confira!

Tópicos deste artigo
ToggleResumo sobre Parnasianismo
- Movimento literário do século XIX, reação ao Romantismo.
- Caracterizado por busca pela perfeição formal, temas clássicos e objetividade.
- Principais autores no Brasil: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.
- Influência do Classicismo e busca da “arte pela arte”.
Origem e contexto histórico
O Parnasianismo surgiu como um movimento literário na França, durante a segunda metade do século XIX, em oposição ao sentimentalismo exacerbado do Romantismo. Nesse sentido, foi um período em que a sociedade começava a valorizar a objetividade, o racionalismo e a ordem, influenciada pelas grandes transformações tecnológicas e científicas da Revolução Industrial.
Na França
O Parnasianismo teve suas raízes na França, onde encontrou expressão inicial na antologia Parnasse Contemporain, publicada em 1852. Essa coletânea reuniu poemas de autores que buscavam romper com o sentimentalismo romântico, priorizando a objetividade e o rigor formal. Entre esses poetas, destacaram-se Théophile Gautier e Leconte de Lisle, este último considerado um dos maiores expoentes do movimento.
Nesse contexto, Leconte de Lisle foi especialmente reconhecido por sua inclinação classicista, traduzindo e adaptando obras de autores como Homero e Hesíodo. Como ressaltou Otto Maria Carpeaux, “suas traduções de Homero, Hesíodo, e outros autores gregos e latinos, constituem o último corpo compacto de poesia antiga numa literatura moderna”.
Dessa forma, sua obra não apenas resgatou valores da Antiguidade, mas também os reinterpretou à luz da estética parnasiana, reforçando o ideal de beleza eterna e perfeição formal que guiava o movimento.
No Brasil
O Parnasianismo chegou ao Brasil em um momento de transição política e social, marcado pela Proclamação da República (1889) e pelo fim da escravidão (1888). Durante esse período, a literatura buscou acompanhar a modernização do país, e os escritores parnasianos conquistaram espaço com sua poesia de rigor formal, que dialogava com o desejo de progresso e ordem da elite republicana.
Linha do tempo do Parnasianismo no Brasil
1870 – Chegada do Parnasianismo ao Brasil
- Influenciado pelos movimentos europeus, o Parnasianismo começa a ganhar espaço na literatura brasileira, especialmente através de traduções e da influência de poetas franceses como Leconte de Lisle.
1881 – Publicação de Fanfarras de Teófilo Dias
- Considerada uma das primeiras obras parnasianas no Brasil, marca a introdução do movimento de forma mais concreta na produção poética brasileira.
1888 – Fim da escravidão
- A abolição da escravatura reflete mudanças sociais e culturais no país. Assim, o Parnasianismo, com seu foco em temas universais e clássicos, começa a ser adotado como uma alternativa ao engajamento social do Romantismo.
1889 – Proclamação da República
- A nova ordem republicana fortalece o interesse por formas literárias que simbolizam disciplina e ordem, alinhando-se aos ideais de rigor técnico e perfeição formal do Parnasianismo.
1893 – Publicação de Poesias de Raimundo Correia
- Obra importante que solidifica o movimento no Brasil, destacando o rigor formal e o interesse por temas filosóficos.
1900 – Apogeu do Parnasianismo
- Durante o início do século XX, o movimento atinge seu auge no Brasil. Nesse contexto, poetas como Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira são amplamente reconhecidos como mestres do Parnasianismo.
1918 – Morte de Olavo Bilac
- Com a morte de Olavo Bilac, considerado o “Príncipe dos Poetas“, o movimento começa a perder força no Brasil.
1922 – Semana de Arte Moderna
- A Semana de Arte Moderna, em São Paulo, marca a ruptura definitiva com o Parnasianismo. Afinal, os modernistas rejeitam o rigor formal e o academicismo parnasiano, abrindo espaço para novas experimentações artísticas.
Décadas de 1930 e 1940 – Influência residual
- Apesar de superado pelo Modernismo, o Parnasianismo ainda influencia parte da produção literária, especialmente em escolas e na poesia formalista.
Características do Parnasianismo
O Parnasianismo pode ser entendido a partir de algumas características centrais, que o diferenciam de outras escolas literárias. Nesse sentido, a tabela abaixo traz um resumo dos principais aspectos desse movimento.
Características | Descrição |
---|---|
Arte pela Arte | Valorização da arte como um fim em si mesma, desvinculada de funções práticas como instruir ou emocionar. Busca pela perfeição estética e rigor técnico, proporcionando um prazer estético puro ao leitor. |
Objetividade | Foco na descrição detalhada, precisa e impessoal, evitando subjetivismos e sentimentalismos. A poesia é comparada a uma obra de escultura, com exatidão e equilíbrio. Carpeaux destacou a evasão das paixões humanas e a priorização de temas atemporais e universais. |
Perfeição Formal | Compromisso com a métrica rigorosa, rimas elaboradas e formas fixas, como o soneto. A forma poética é lapidada como uma obra de arte, valorizando a disciplina técnica e o respeito pelas tradições literárias clássicas. |
Temas Clássicos | Predileção por temas mitológicos, históricos e culturais da Antiguidade. Inspirados por valores eternos, os poetas reinterpretavam os mitos com uma visão contemporânea, como descrito por Carpeaux em relação ao classicismo de Leconte de Lisle. |
Linguagem Rebuscada | Uso de vocabulário erudito e palavras raras, criando uma poesia sofisticada e elevada. Cada termo era escolhido cuidadosamente para enriquecer a musicalidade e a textura dos versos, refletindo o ideal de excelência técnica e expressão intelectual. |
Rejeição ao Cotidiano | Rejeição de temas triviais e do dia a dia, preferindo inspiração em elementos elevados e idealizados. Essa postura alinhava-se ao ideal de transcender o mundo material, criando uma poesia que oferecia uma experiência de contemplação estética e intelectual. |
Vamos agora analisar cada uma das características de forma mais detalhada.
1. Arte pela Arte
A principal premissa do Parnasianismo é a valorização da arte como um fim em si mesma, consagrada pelo ideal de “arte pela arte”. Dessa forma, esse conceito defendia que a criação artística não precisava cumprir funções práticas, como instruir ou emocionar, mas deveria ser apreciada exclusivamente por sua beleza intrínseca.
Para os parnasianos, a poesia era uma manifestação elevada, destinada a refletir a perfeição formal e o equilíbrio, livre de subjetivismos e de engajamentos sociais ou políticos. Assim, o valor da obra residia na sua capacidade de atingir um rigor técnico impecável e de proporcionar um prazer estético puro ao leitor, desvinculado de mensagens sentimentais ou utilitárias.
2. Objetividade
Ao contrário do subjetivismo romântico, que dava destaque às emoções pessoais e à introspecção, o Parnasianismo valorizava a descrição objetiva e precisa. Assim, a poesia parnasiana buscava retratar o mundo de forma detalhada, quase científica, evitando interpretações emocionais ou subjetivas.
Para os parnasianos, a arte deveria ser contemplada pela sua capacidade de descrever a realidade de forma clara e impessoal, como se cada poema fosse uma obra de escultura, esculpida com exatidão e equilíbrio.
Otto Maria Carpeaux ilustra essa ideia ao observar que “enquanto a literatura moderna sofreu a influência das letras clássicas — no parnasianismo pós-romântico, no neoclassicismo de certos grupos simbolistas — foi literatura de evasão”.
Essa “evasão” reflete o distanciamento da poesia parnasiana em relação às angústias e às paixões humanas, priorizando temas atemporais e universais que pudessem ser descritos de maneira exata e contemplativa. Nesse contexto, esse compromisso com a objetividade contribuiu para a construção de uma poesia rigorosa, valorizada pela técnica e pelo equilíbrio formal, em oposição às flutuações emocionais do Romantismo.
3. Perfeição formal
A busca pela perfeição formal era um dos pilares do Parnasianismo, representando a essência técnica e estética do movimento. Dessa maneira, poemas eram cuidadosamente planejados, com atenção meticulosa à estrutura e ao ritmo. Essa dedicação se manifestava no uso de métricas rigorosas, como os versos decassílabos, na escolha de rimas elaboradas e na preferência por formas fixas, especialmente o soneto, que simbolizava o equilíbrio e a harmonia.
Nesse âmbito, os parnasianos consideravam a forma poética como um elemento tão importante quanto o conteúdo, ou até mais. Para eles, a beleza da arte residia na sua capacidade de ser completa e autossuficiente, sem falhas ou excessos. Assim, cada verso era lapidado como uma pedra preciosa, onde não havia espaço para a improvisação ou para desvios emocionais.
Além disso, a perfeição formal não era apenas um exercício técnico, mas também uma demonstração de respeito pela tradição literária, especialmente pelas formas clássicas. Nesse sentido, esse rigor técnico fazia da poesia parnasiana um exemplo de disciplina artística, que influenciou gerações posteriores de poetas que também buscaram o ideal de uma arte equilibrada e impecável.
4. Temas clássicos
Os parnasianos tinham uma forte inclinação por temas ligados à mitologia, à história e à cultura clássica, enxergando nesses elementos um caminho para alcançar a universalidade e a elevação estética. Inspirados nos modelos da Antiguidade, buscavam reviver figuras e narrativas que remetiam à grandeza do passado, distantes do sentimentalismo contemporâneo.
Ademais, esses temas proporcionavam um cenário ideal para explorar a perfeição formal, permitindo aos poetas expressar sua habilidade técnica dentro de um contexto atemporal e elevado.
Otto Maria Carpeaux destaca essa conexão ao afirmar que “o classicismo de Leconte de Lisle revela certas qualidades que nenhum classicismo anterior conheceu: a preferência pelos mitos bárbaros da Grécia primitiva e pelo pessimismo desesperado dos últimos pagãos”.
Essa preferência demonstrava não apenas um interesse em revisitar o passado glorioso, mas também uma tentativa de reinterpretá-lo com um olhar contemporâneo, dando aos mitos antigos uma nova relevância.
Dessa maneira, a escolha por temas mitológicos e históricos também refletia o ideal de fuga do cotidiano e das trivialidades da vida moderna. Ao retratar deuses, heróis e eventos lendários, os parnasianos buscavam criar uma poesia que transcendesse o tempo e o espaço, posicionando-se acima das limitações da experiência humana comum.
Dessa forma, os temas clássicos serviam como um meio de alcançar o ideal de “arte pela arte”, conectando a poesia a valores estéticos universais.
5. Linguagem rebuscada
A linguagem parnasiana era marcada por um vocabulário sofisticado e erudito, refletindo o cuidado extremo dos poetas com a estética verbal. Nesse sentido, a escolha de palavras raras ou pouco usuais não era um mero exibicionismo, mas uma forma de elevar o tom da poesia, afastando-a da simplicidade e da coloquialidade.
Além disso, essa prática conferia às obras um caráter elevado e distinto, em sintonia com o ideal de perfeição formal e com a inspiração clássica do movimento.
Os parnasianos acreditavam que a beleza da poesia residia não apenas no que era dito, mas em como era dito. Por isso, cada termo era cuidadosamente selecionado para enriquecer a musicalidade e a textura dos versos, criando uma experiência estética refinada. Essa linguagem rebuscada também reforçava o distanciamento do cotidiano, alinhando-se à preferência por temas universais e elevados.
Ademais, a complexidade lexical permitia aos poetas explorar nuances de significado e metáforas intricadas, desafiando o leitor a uma apreciação mais profunda e contemplativa.
6. Rejeição do cotidiano
Os poetas parnasianos rejeitavam deliberadamente os temas do dia a dia, distanciando-se das experiências triviais e banais da vida comum. Para eles, a poesia deveria se situar acima das preocupações cotidianas, alcançando um plano idealizado e elevado, onde a arte pudesse ser contemplada em sua forma mais pura e sublime.
Nesse contexto, essa rejeição estava em sintonia com o ideal de “arte pela arte”, no qual o valor da poesia residia em sua capacidade de transcender o mundo material e alcançar a universalidade. Os parnasianos buscavam inspiração em mitos, histórias da Antiguidade e imagens clássicas, que representavam valores eternos e grandiosos.
Essa postura também refletia uma resistência às mudanças sociais e culturais da época, preferindo a estabilidade e a ordem oferecidas pelo passado clássico.
Principais autores e obras do Parnasianismo
O Parnasianismo brasileiro contou com grandes autores que marcaram a literatura nacional. Nesse sentido, vamos conhecer os três principais nomes do movimento:
1. Olavo Bilac (1865–1918)
Olavo Bilac é o principal representante do Parnasianismo no Brasil e um dos autores mais cobrados em concursos públicos. Sua poesia combina perfeição formal com lirismo e uma celebração à língua portuguesa.
- Obra de Destaque: “Via Láctea”
Um dos poemas mais conhecidos de Bilac, a obra reflete sua habilidade em criar versos impecáveis e carregados de musicalidade.
2. Alberto de Oliveira (1857–1937)
Alberto de Oliveira é conhecido por suas descrições detalhistas e sensoriais. Sua poesia é uma ode à precisão formal e ao poder da linguagem.
- Obra de Destaque: “Sonetos e Poemas”
Os sonetos de Alberto de Oliveira são exemplos perfeitos da técnica parnasiana, equilibrando forma e conteúdo.
3. Raimundo Correia (1859–1911)
Raimundo Correia é lembrado por sua poesia reflexiva e melancólica, abordando temas filosóficos e existenciais.
- Obra de Destaque: “As Pombas”
Este poema é um exemplo clássico da estética parnasiana, com sua métrica impecável e temática elevada.
Comparação com outras Escolas Literárias
Aspecto | Parnasianismo | Romantismo | Modernismo |
---|---|---|---|
Forma | Rigor formal, uso de sonetos | Liberdade formal | Ruptura com formas tradicionais |
Temas | Clássicos, mitológicos | Sentimentais, nacionais | Cotidianos, sociais |
Linguagem | Rebuscada e erudita | Simples e emocional | Coloquial e livre |
Estilo | Objetivo e descritivo | Subjetivo e emocional | Experimental e inovador |
Questões de concursos sobre Parnasianismo
Para entender como o Parnasianismo é cobrado em provas de concursos, vamos analisar duas questões.
Questão 1 – IDESG – 2024 – Prefeitura de Cariacica – ES – MAPB – Língua Portuguesa
“A busca da perfeição pela correção gramatical, a volta aos clássicos e o rebuscamento marcam uma atitude de tipo aristocrático e constituem um traço saliente da fase que vai dos anos de 1880 até a altura de 1920, correspondendo a um desejo generalizado de elegância ligado à modernização urbana do país, sobretudo sua capital, Rio de Janeiro. Do ponto de vista da literatura, foi uma barreira que petrificou a expressão, criando um hiato largo entre a língua falada e a língua escrita, além de favorecer o artificialismo que satisfaz as elites, porque marca distância em relação ao povo; e pode satisfazer a este, parecendo admiti-lo a um terreno reservado. Essa cultura acadêmica, geralmente sancionada pelos Poderes, teve a utilidade de estimular, por reação, o surto transformador do Modernismo, a partir de 1922.”
CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura brasileira. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2007. p. 76-77.
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta sobre o excerto acima.
a) A temática do excerto é a escola literária Parnasiana, a qual, segundo o texto, teve papel fundamental na difusão da modalidade oral da língua portuguesa no Brasil.
b)A temática do excerto é a escola literária Modernista, cujas raízes academicistas reexpuseram figuras próprias de escolas anteriores, como o indígena do Romantismo.
c)A temática do excerto é a escola literária Modernista, a qual, segundo o texto, teve papel fundamental na transformação da percepção de língua falada e língua escrita no Brasil.
d) A temática do excerto é a escola literária Parnasiana, cujas raízes academicistas reexpuseram temáticas características de escolas anteriores, como o Classicismo.
Resposta: Letra D
Comentário: Como vimos neste artigo, o Parnasianismo foi marcado pela busca do rigar formal e da arte pela arte. Assim, o foco era antes na forma e na excelência técnica do que no conteúdo em si. Isso de fato ilustra as raízes academicistas do movimento.
Além disso, essa escola literária bebeu muito na fonte do Classicismo, buscando adotar referências de poetas clásssicos com Homero e Hesídio.
Questão 2 – IGEDUC – 2023 – Prefeitura de Surubim – PE – Professor II – Língua Portuguesa
O parnasianismo está situado em um contexto histórico paralelo ao naturalismo e ao realismo, porém sua proposta teórica parte de uma ideia completamente distinta do que acontecia nas outras escolas literárias. Os parnasianos se dedicaram à perfeição formal e estética de seus textos, deixando de lado a realidade cotidiana e os conflitos sociais, econômicos ou políticos que se passavam no mundo.
( ) Certo
( ) Errado
Resposta: Certo
Comentário: Como descrito acima, um das principais característica dos parnasianos era a busca pela perfeição formal. Ademais, as aboras buscavam retratar mais temas ligados à mitologia, à história e à cultura clássica, dexiando de lado questões do dia a dia.
Referências
- CARPEAUX, Otto Maria. História da Literatura Ocidental. Brasília: Senado Federal, 2008.