O sistema de cotas em concursos públicos no Brasil é uma política pública que visa promover a inclusão e a igualdade de oportunidades para grupos historicamente marginalizados, como pessoas negras, indígenas, quilombolas e com deficiência.
Esta iniciativa busca reduzir desigualdades e garantir uma representação mais equânime desses grupos nos cargos públicos, mas enfrenta críticas de algumas parcelas da sociedade.
Neste artigo, vamos fazer uma análise completa do tema. Confira!

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ToggleBase legal das cotas em concursos públicos
A implementação das cotas em concursos públicos federais está fundamentada em legislações específicas:
- Lei nº 12.990/2014: reserva 20% das vagas em concursos públicos federais para candidatos negros (pretos e pardos).
- Decreto nº 9.508/2018: estabelece a reserva de vagas para pessoas com deficiência, determinando um percentual mínimo de 5% das vagas oferecidas.
- Projeto de Lei nº 1.958/2021: propõe a ampliação da reserva de vagas para 30%, incluindo, além de negros, indígenas e quilombolas. Este projeto já foi aprovado pelo Senado e aguarda sanção presidencial.
Critérios para participação nas cotas
Para concorrer às vagas reservadas, os candidatos devem atender aos seguintes critérios:
- Candidatos Negros: devem se autodeclarar pretos ou pardos no momento da inscrição. Após aprovação nas etapas iniciais do concurso, passam por um procedimento de heteroidentificação, onde uma comissão avalia a veracidade da autodeclaração com base em características fenotípicas.
- Pessoas com Deficiência (PcD): devem apresentar, no ato da inscrição, laudos médicos que comprovem a condição, conforme especificado nos editais dos concursos.
- Indígenas e Quilombolas: com a aprovação do Projeto de Lei nº 1.958/2021, esses grupos também serão contemplados nas reservas de vagas, sendo necessário apresentar documentação que comprove sua origem étnica.
Essas experiências internacionais demonstram que as políticas de cotas podem assumir diferentes formatos, adaptando-se ao contexto social e jurídico de cada país.
Funcionamento do sistema de cotas
Os candidatos que optam por concorrer às vagas reservadas participam simultaneamente das vagas de ampla concorrência. Dessa forma, se a pontuação obtida for suficiente para aprovação na ampla concorrência, o candidato será classificado nessa modalidade, não ocupando uma vaga destinada às cotas.
A ordem de convocação respeita a classificação dos candidatos em cada lista (ampla concorrência e cotas), garantindo que todos os aprovados sejam chamados conforme sua posição.
É importante destacar que a reserva de vagas para cotas é aplicada apenas em concursos que oferecem um número mínimo de vagas, geralmente a partir de três.
Importância das cotas nos concursos públicos
A implementação das cotas em concursos públicos é uma medida afirmativa crucial para corrigir desigualdades históricas e promover a diversidade no serviço público. Nesse sentido, ao garantir a inclusão de grupos sub-representados, o Estado busca construir uma administração pública mais plural e representativa da sociedade brasileira.
Além disso, as cotas contribuem para a redução da desigualdade racial e social, oferecendo oportunidades para que indivíduos de diferentes origens possam acessar cargos públicos e influenciar nas políticas e decisões que afetam toda a população.
Principais críticas ao sistema de cotas em concursos
Embora o sistema de cotas tenha um papel importante na promoção da equidade, ele também recebe críticas. Algumas das principais objeções incluem:
- Mérito e Igualdade: argumenta-se que as cotas podem comprometer o princípio do mérito, permitindo que candidatos com pontuações menores sejam aprovados em detrimento de candidatos de ampla concorrência com notas mais altas.
- Autodeclaração e Fraudes: a possibilidade de autodeclaração abre espaço para fraudes, especialmente quando não há um processo rigoroso de heteroidentificação.
- Soluções Alternativas: alguns críticos sugerem que o foco deveria ser em melhorias na educação básica e na formação de candidatos desde a infância, ao invés da reserva de vagas no momento do concurso.
- Distorções Regionais: em algumas regiões, a aplicação das cotas pode gerar distorções, como a reserva de vagas para grupos que já possuem maior presença no serviço público local.
Como Funciona o Sistema de Cotas Pelo Mundo
Por fim, é importante pontuar que diferentes países adotam políticas de cotas para corrigir desigualdades sociais e promover a diversidade em setores como educação e serviço público. Nesse contexto, vejamos alguns exemplos:
- Estados Unidos: aplicação de políticas de ação afirmativa em universidades, visando aumentar a diversidade racial no ensino superior. Contudo, a constitucionalidade dessas medidas tem sido debatida judicialmente.
- Índia: um dos sistemas de cotas mais antigos e abrangentes do mundo, reservando vagas em empregos públicos e instituições educacionais para castas historicamente marginalizadas.
- África do Sul: políticas de ação afirmativa para reparar os danos do apartheid, incluindo cotas em universidades e no mercado de trabalho.
- França: embora não adote cotas raciais, promove medidas de inclusão socioeconômica para garantir diversidade no ensino superior e no setor público.
Considerações finais
O sistema de cotas em concursos públicos no Brasil é uma ferramenta essencial para promover a igualdade de oportunidades e a justiça social. Compreender seu funcionamento e os critérios de participação é fundamental para que os candidatos possam usufruir desse direito de forma consciente e adequada.
À medida que novas legislações são aprovadas, é importante manter-se informado sobre as mudanças e adaptações necessárias para garantir o pleno exercício da cidadania e a construção de uma sociedade mais inclusiva.