Arcadismo foi o movimento artístico-literário que predominou no século XVIII. Também chamado de Neoclassicismo, recebeu esse nome por promover a revalorização do Classicismo, pois a arte Barroca passou a ser considerada antiquada e sinônimo de mau gosto.
Tópicos deste artigo
ToggleContexto histórico
A tentativa de frear o barroquismo iniciou-se ainda no final do século XVII, com a fundação da “Arcádia”, em Roma. Esta era uma sociedade literária com a finalidade de combater o Barroco e de cultivar a poesia bucólica e anacreôntica (lírico-amorosa).
No século seguinte, a religiosidade e o exagero do Barroco já não agradavam mais a sociedade burguesa, que estava voltada para questões mundanas e artes subjetivas. Vivia-se também nesse período o Iluminismo, ou Século das Luzes, que abriu os caminhos para a Revolução Francesa, em 1789.
O Arcadismo só teve início, de fato, em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, por parte de alguns escritores liderados por Antônio Dinis da Cruz e Silva. O lema da Arcádia Lusitana era Inutilia truncat (“acabe-se com as inutilidades”, em português, o que caracterizou todo o Arcadismo.
Arcadismo no Brasil
No Brasil, a morte dos artistas do Barroco marca o enfraquecimento desse movimento. Além disso, a cultura jesuítica começa a dar lugar ao Neoclassicismo, e o pensamento iluminista francês é difundido.
O início do Arcadismo se dá em 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, e a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa.
O Arcadismo desenvolve-se até 1808 com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, que introduz o pensamento pré-romântico por meio de suas medidas político-administrativas.
Características do Arcadismo
Os poetas árcades visavam uma literatura simples, oposta às extravagâncias do Barroco.
Na linguagem, prevaleceram:
– Construções sintáticas na ordem direta;
– Frases claras e melódicas;
– Adjetivos que expressam suavidade e harmonia.
No conteúdo, temos:
– Personagens mitológicos;
– Bucolismo e pastoralismo: vida campestre idealizada; o sujeito lírico é um pastor, e a mulher amada, uma pastora;
– Ambientação no locus amoenus (lugar ameno): idealização da natureza;
– Temática do fugere urbem (fugir da cidade): a cidade é lugar de sofrimento e corrupção;
– Elogio da aurea mediocritas (mediania de ouro): expressão do poeta Horácio para dizer que o equilíbrio deve prevalecer em relação ao que é extremo;
– Carpe diem (aproveite o dia): o amante tentar convencer a amada de que devem viver o amor antes que estejam velhos ou morram.
Principais autores e obras
Em Portugal:
– Manuel Maria Barbosa du Bocage: Morte de D. Ignez de Castro, Elegia, Idílios Marítimos.
– António Dinis da Cruz e Silva: O Hissope, Odes Pindáricas, A Degolação do Baptista.
– Pedro António Correia Garção: Obras Poéticas, Teatro Novo e Assembleia ou Partida.
– Francisco José Freire: Vieira Defendido, Arte Poética ou Regras da Verdadeira Poesia.
– Domingos dos Reis Quita: Obras Poéticas (dois volumes da obra completa).
– Nicolau Tolentino de Almeida: Miscelânea Curiosa e Proveitosa, Passeio, Amantes.
No Brasil:
– Cláudio Manuel da Costa: Obras, Vila Rica.
– Silva Alvarenga: Glaura.
– Tomás Antônio Gonzaga: Marília de Dirceu, Cartas chilenas.
– Santa Rita Durão: Caramuru.
– Basílio da Gama: O Uruguai.
Todos os autores árcades viviam nos centros urbanos e eram burgueses, mas escreviam sobre locus amoenus, isto é, procura pela vida amena no campo, além de criticarem a aristocracia. Tudo isso caracterizava um estado de espírito, uma posição política e ideológica, portanto foram muito criticados, o que fez com que utilizassem pseudônimos.
*
Gostou do artigo? Então, continue seus estudos com o nosso Guia da Literatura.