A charge é um gênero textual que mistura arte, opinião e informação em um formato sucinto, visual e expressivo. Muito comum em questões que cobram interpretação de texto e análise de linguagem, ela é uma ferramenta de crítica social e política. Neste artigo, você vai compreender suas características, tipos e como o tema é cobrado em provas. Confira!
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ToggleO que é uma charge?
A charge é, por excelência, um gênero textual jornalístico que se propõe a fazer uma crítica sobre algum tema, utilizando o humor como sua principal ferramenta. Nesse sentido, ela se destaca por sua criatividade e por abordar temas da atualidade, tornando-se um comentário visual sobre o que acontece no mundo.
A própria etimologia da palavra “charge” já nos revela muito sobre sua natureza. Originária do francês charger, significa “carga”, “exagero” e até mesmo “ataque violento”.
Essa raiz etimológica, dessa forma, sublinha a essência desse gênero textual: ele carrega consigo uma dose de exagero intencional, uma “carga” de significado que visa impactar o leitor e, muitas vezes, um “ataque” simbólico a situações, figuras ou ideias.
Para transmitir sua crítica, a charge emprega uma linguagem mista, combinando elementos verbais e não verbais. Enquanto a linguagem não verbal se manifesta nos desenhos – frequentemente caricaturas que exageram traços de personagens ou situações para fins humorísticos e críticos –, a linguagem verbal aparece em balões de fala, legendas ou pequenos textos que complementam e direcionam a interpretação.
Essa interação é vital, porque a imagem pode ser o ponto de partida, mas o texto verbal muitas vezes sela o sentido, adicionando camadas de ironia e humor. A ironia, aliás, é um pilar da charge, como podemos ver no exemplo abaixo:
Características da charge
A charge possui características distintivas que a separam de outros gêneros. Na tabela abaixo, listamos as principais marcas desse gênero:
Característica | Descrição |
---|---|
Atualidade e vínculo com o jornalismo | A charge retrata a atualidade e se origina de notícias jornalísticas. Para ser compreendida, exige que o leitor conheça os fatos recentes. |
Relevância temática | É usada para abordar fatos sociais ou políticos de grande importância, funcionando como uma leitura crítica da realidade contemporânea. |
Posicionamento editorial | Costuma refletir a opinião do veículo em que é publicada, alinhando-se à sua linha editorial e utilizando humor e crítica para reforçar uma perspectiva. |
Narrativa efêmera | Por se basear em temas atuais, a charge tem vida útil curta. Se o contexto for perdido, seu sentido e impacto se enfraquecem com o tempo. |
Exigência para o leitor | Requer repertório cultural e atualização constante. O leitor precisa compreender o contexto noticioso para interpretar a charge adequadamente. |
Charge x Cartum: qual a diferença?
É comum haver confusão entre charge e cartum, mas a distinção é crucial, especialmente em avaliações. A principal diferença reside no foco temático e temporal.
Enquanto a charge “especificamente aborda eventos contemporâneos, notícias atuais”, o cartum “lida com ideias e comportamentos atemporais, gerais ou universais”, como detalhado no material fornecido.
- A charge se refere a um fato atual, noticioso, e sua compreensão depende desse contexto.
- O cartum, por outro lado, trata de temas atemporais, como comportamentos universais ou situações recorrentes, podendo ser compreendido mesmo anos depois.
Tipos de charge
Embora todas as charges compartilhem elementos comuns — como a crítica, a ironia e a relação com temas da atualidade —, elas podem ser classificadas de acordo com o foco temático.
Compreender essas classificações ajuda o leitor a interpretar o texto com mais precisão, algo muito útil em provas e concursos. Veja a seguir os principais tipos:
1. Charge política
É o tipo mais recorrente no jornalismo. Tem como alvo principal figuras públicas, partidos, instituições governamentais ou decisões políticas.
Seu objetivo é questionar ou satirizar o poder, revelando contradições, abusos, promessas não cumpridas ou posturas incoerentes de autoridades.
2. Charge social ou cultural
Neste tipo, o foco se desloca para os hábitos, costumes, comportamentos coletivos ou fenômenos sociais e culturais de um país ou grupo.
Pode criticar o consumismo, a alienação digital, o preconceito, ou mesmo situações cotidianas com as quais o leitor se identifica.
3. Charge esportiva
Relaciona-se com o universo dos esportes, especialmente o futebol, no caso do Brasil.
Esse tipo de charge ironiza resultados inesperados, atitudes de jogadores ou declarações de técnicos, explorando o humor em situações que envolvem paixões nacionais.
Questões sobre charge
Para finalizar este artigo, vamos analisar algumas questões de provas e concursos que abordaram a temática da charge.
Questão 1 – ENEM 2017
A discussão levantada na charge, publicada logo após a promulgação da Constituição de 1988, faz referência ao seguinte conjunto de direitos:
a) Civis, como o direito à vida, à liberdade de expressão e à propriedade.
b) Sociais, como direito à educação, ao trabalho e à proteção à maternidade e à infância.
c) Difusos, como direito à paz, ao desenvolvimento sustentável e ao meio ambiente saudável.
d) Coletivos, como direito à organização sindical, à participação partidária e à expressão religiosa.
e) Políticos, como o direito de votar e ser votado, à soberania popular e à participação democrática.
Resposta: Letra B
Comentário: Veja como a questão usa o gênero textual para tratar de um tema de atualidades ou conhecimentos gerais. Nesse sentido, a charge trata do artigo 6º da Constituição Federal, que lista os direitos sociais. Dentre eles, encontra-se o direito à moradia.
Questão 2 – VUNESP – 2022 – Câmara Municipal de São José dos Campos – SP – Auxiliar Legislativo
A leitura da charge permite concluir que, para o autor,
a) as livrarias ainda não conseguiram se recompor dos prejuízos causados pela pandemia.
b) a ideia de que seremos pessoas melhores passada a pandemia não condiz com a realidade.
c) as novas formas de convivência social decorrentes da pandemia acabarão junto com ela.
d) a sociabilidade se consolidará como principal ganho do período prolongado de pandemia.
e) a pandemia produziu uma nova realidade que ainda não pôde ser retratada nos livros.
Resposta: Letra B
Comentário: A questão cobra a interpretação da charge. Nesse sentido, quando o vendedor menciona que o livro “sairemos melhores da pandemia” está na seção de ficção, subentende-se que o autor não acredita que a pandemia contribuirá para a evoluação da relação entre as pessoas. Afinal, ficção, por conceito, é algo que não reflete a reflete factualmente a realidade.