Infinitivo ou Futuro do subjuntivo: análise de questão da FGV

Em determinadas situações, verbos no futuro do subjuntivo podem se confundir com verbos no infinitivo. Isso ocorre porque, em determinadas conjugações, o verbo tem a mesma grafia nos dois contextos. Para deixar isso mais claro, vamos conferir um exemplo:

Ex: Se rir de mim, ficarei triste.

Perceba que “rir” pode ser tanto o infinitivo do verbo quanto sua conjugação na 1ª e 3ª pessoa do singular do futuro do subjuntivo. Nesse sentido, a banca Fundação Getúlio Vargas (FGV) costuma misturar essas duas formas e pedir que o condidato identifique qual se encaixa em cada situação.

Por isso, neste artigo, vamos mostrar para você como resolver esse tipo de questão de forma prática e descomplicada. Confira!

Futuro do subjuntivo ou infinitivo: como diferenciar?

Questão sobre infinitivo x futuro do subjuntivo

FGV – 2015 – DPE-MT – Assistente Administrativo

Horóscopo do signo de Virgem, do dia 01 de fevereiro de 2015.

Procure agregar aliados com interesses semelhantes aos seus, invista em parcerias corretas. Mercúrio segue retrógrado em Aquário: você ganha mais se unir forças e trabalhar em equipe. Continue com atenção redobrada ao se comunicar. Bom período para ouvir opiniões diferentes, repensar assuntos e se abrir para novos pontos de vista. Bom, também, para revisar equipamentos eletrônicos.”

Assinale a opção que indica a forma verbal sublinhada que não é uma forma de infinitivo.

a) agregar
b) unir
c) comunicar
d) ouvir
e) repensar

Análise e gabarito da questão

Para resolver esse tipo de questão, existe um macete muito prático. Se você puder trocar o verbo por “fizer”, significa que ele está no futuro do subjuntivo. Logo, não é um infinitivo. Vamos conferir cada uma das frases do texto:

  • Procure agregar aliados com interesses semelhantes aos seus, invista em parcerias corretas.
  • Você ganha mais se unir forças e trabalhar em equipe.
  • Continue com atenção redobrada ao se comunicar.
  • Bom período para ouvir opiniões diferentes, repensar assuntos e se abrir para novos pontos de vista.

Agora, vamos verificar onde caberia “fizer”:

  • Procure fizer aliados com interesses semelhantes aos seus, invista em parcerias corretas. (A troca não é possível. Então é infinitivo)
  • Você ganha mais se fizer forças e trabalhar em equipe. (A troca é possível. Então é futuro do subjuntivo)
  • Continue com atenção redobrada ao fizer. (A troca não é possível. Então é infinitivo)
  • Bom período para fizer opiniões diferentes, fizer assuntos e se abrir para novos pontos de vista. (A troca não é possível. Então é infinitivo)

Pronto! Encontramos nossa resposta. Afinal, o verbo “unir”, nesse contexto, é o único que pode ser substituído por “fizer” de forma coerente. Assim, o gabarito é a letra B.

Quando utilizar o infinitivo?

Como explica o professor Fernando Pestana, um verbo estará no infinitivo quando:

  • Fizer parte de uma locução verbal (ex: Ele vai ser atendido em breve.)
  • Vier antecedido de preposição (ex: Isso fácil de começar, mas difícil de parar.)
  • Constituir sujeito oracional (ex: Amar ao próximo é um mandamento de Deus.)

Ademais, os gramáticos Celso Cunha e Lindley Cintra enumeram os casos em que devemos utilizar o infinitivo não flexionado (que é o que se confunde com o futuro do subjuntivo):

  • Quando é impessoal e não se refere a nenhum sujeito (ex: Odiar alguém é um peso que carregamos na vida.)
  • No infinitivo de narração, usado em frase nominal de acentuado caráter afetivo (ex: A mãe em casa a fenecer e ele na farra.)
  • Quando tem valor imperativo (ex: O general ordeu: Marchar!)
  • Quando é precedido da preposição “de” e exerce a função de complemento nominal de alguns adjetivos (ex: Essa atitudade é algo raro de ver hoje em dia.)
  • Quando, regido pela preposição “a”, funciona com gerundio em determinadas locuções verbais (ex: Estou a ouvir passos no corredor.)

Quando usar o futuro do subjuntivo?

De acordo com Pestana, um verbo estará no futuro do subjuntivo quando for antecedido de:

  • Conjunção (ex: Se quiser me ver, estarei em casa pela manhã.)
  • Pronomes relativos (ex: Farei uma prova diferente para aquele que puder vir amanhã.)
  • Pronome interrogativo “quem” (ex: Quem ouvir alguma reclamação dos clientes, deve reportar à ouvidoria.)

Segundo Cunha e Cintra, usamos o futuro do subjuntivo simples (que parece o infinitivo) em orações subordinadas:

  • Adverbiais condicionais, conformativas e temporais (ex: Quando puder, venha conhecer minha casa nova.)
  • Adjetivas, dependentes de uma principal no futuro ou no presente (ex: Direi uma palavra amiga aos que me ajudarem.)

Referências

  • Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra, páginas 489, 490, 499 e 500;
  • Curso de questões comentadas da FGV, Fernando Pestana, aula 9 do módulo de morfologia.

Outros artigos relacionados ao tema