Hipnoterapia para concursos públicos: como funciona?

8 min de leitura

Cronograma de estudos, material de primeira qualidade, métodos e técnicas inovadoras… ainda assim, muitos concurseiros percebem que sua preparação não rende como deveria. A explicação, segundo o professor e mentor Victor Dalton, pode estar menos na falta de conhecimento e mais nos bloqueios emocionais e inconscientes que sabotam a disciplina. É nesse ponto que entra a hipnoterapia, técnica que atua diretamente no inconsciente para eliminar a procrastinação, reduzir a ansiedade e ressignificar experiências negativas que limitam o desempenho.

Com mais de 12 anos de experiência na preparação para concursos, Dalton é criador da Preparação Mente Blindada, um método que alia estratégias emocionais ao estudo tradicional. Professor de Informática, Tecnologia da Informação e Regimento Interno da Câmara dos Deputados, ele já atuou como Analista do Banco Central, da Câmara e do MPOG, além de ser formado em Engenharia da Computação pelo IME.

Na conversa que você vai ler a seguir, Victor explica por que tantos candidatos desistem antes mesmo de tentar e como a hipnoterapia pode transformar sabotagem em consistência. Ele também traz casos reais de alunos que, ao reprogramarem suas emoções, conseguiram finalmente transformar esforço em resultado concreto.

Confira abaixo a entrevista completa!

Como funciona a hipnoterapia para concursos públicos?

Clube do Português: O que é a hipnoterapia e como ela se diferencia de outras abordagens mentais? Como ela se aplica ao contexto da preparação para concursos públicos?

Victor Dalton: Hoje em dia tudo que se fala sobre preparação mental pra concursos é no sentido de fazer as pessoas “terem mais disciplina”, usarem “técnicas de memorização” ou “planejamentos infalíveis”. Só que isso não parece estar funcionando. 

A taxa de abstenção em concursos oscila entre 30 a 50%, sendo que no CNU tivemos incríveis 54%. Então veja que a cada duas pessoas que pagam a taxa de inscrição para fazer uma prova, apenas uma aparece. A outra sequer tenta.

A hipnoterapia é o uso terapêutico da hipnose para acessar conteúdos inconscientes que moldam o comportamento e as emoções da pessoa. Pense comigo: as pessoas já sabem o que precisam fazer. Elas têm material, cronogramas, conhecem técnicas de estudo. Mas, mesmo assim, elas se sabotam, não honram o que elas mesmas planejam, procrastinam. E ainda se sentem culpadas por isso.

Assim sendo, a hipnoterapia atua na camada mais profunda da mente: o inconsciente. Nós vamos na origem da sabotagem, da procrastinação, para eliminar o conflito entre querer fazer e conseguir fazer. Isso faz toda a diferença.

Mitos sobre hipnoterapia

Clube do Português: Quais são os maiores mitos e equívocos que as pessoas têm sobre a hipnoterapia, especialmente no contexto de performance acadêmica e em concursos? 

Victor Dalton: Quando eu ouvi a palavra “hipnoterapia” pela primeira vez, o que veio à minha mente foi o desenho do Tom&Jerry, com o rato balançando o relógio e o gato fazendo coisas sem saber. Nada poderia estar mais longe da verdade. 

Acho que muita gente tem referências sobre hipnose que são completamente descoladas da realidade. Ainda, existe a hipnose de palco, muito teatral, com elementos que nos fazem duvidar da integridade dos participantes. 

A hipnoterapia passa longe disso. Não tem nada de teatro, ou mesmo de fé ou crença. É neurociência aplicada, com muitos artigos científicos publicados.

Hipnose e métodos de estudo

Clube do Português: A hipnoterapia substitui ou complementa as metodologias de estudo convencionais? Como o concurseiro pode integrar a hipnoterapia em sua rotina de estudos?

Victor Dalton: A hipnoterapia não vem para substituir o estudo. Ela vai permitir que você estude de verdade! Eu não consigo contar a quantidade de pessoas que chega pra mim e diz “tenho três horas por dia pra estudar, mas com 20 minutos minha cabeça já está longe e não rendo mais nada”. 

A hipnoterapia vem para tirar a procrastinação, o sentimento de culpa, o derrotismo, o perfeccionismo e outros sabotadores internos. 

Ela serve para permitir que você construa a disciplina, elimine o atrito entre querer estudar e conseguir estudar. Na prática, é possível encaixar a prática da hipnoterapia semanal ou quinzenalmente, seja a hipnose assistida ou mesmo ferramentas de auto-hipnose.

Como a hipnoterapia pode ajudar a controlar ansiedade e estresse?

Clube do Português: Muitos concurseiros sofrem com altos níveis de ansiedade e estresse, tanto durante a preparação quanto no dia da prova. De que forma a hipnoterapia pode ajudar nesse contexto?

Victor Dalton: Dizem que ansiedade é estar com a cabeça no futuro, mas ela nasce do passado não resolvido. São memórias de humilhação, de comparação, de fracassos anteriores, que formam uma resposta automática de medo e hiperalerta. O cérebro começa a ver o estudo como uma ameaça. Por isso, no estudo ou na prova, ele começa a mandar um alerta: ”sai daí”. 

É o que deixa a pergunta mais difícil de ser lida, é quem leva a mão pra alternativa errada, quando você fica entre duas, é a voz interior que diz que você não vai dar conta. Aí vira profecia autorrealizável, você fracassa porque suas emoções o conduziram para isso, e não por falta de conhecimento. 

A hipnoterapia ajuda a reprogramar essas memórias, mudando o estado emocional associado à preparação. A pessoa deixa de estudar com tensão e começa a estudar com presença. E, no dia da prova, isso faz uma diferença brutal.

Resultados práticos da hipnose na preparação para concursos

Clube do Português: É comum que candidatos enfrentam bloqueios mentais, procrastinação ou crenças limitantes sobre sua própria capacidade. Como a hipnoterapia pode ajudar a identificar e superar esses obstáculos psicológicos? Poderia compartilhar alguns casos de sucesso de alunos atendidos pelo senhor?

Victor Dalton: O principal resultado é você parar de sofrer estudando e passar a estudar com consistência e leveza. Eu sempre conto a história da Rejane, minha primeira mentorada. 

Quando eu a conheci, ela tinha um desempenho incrível nos exercícios e simulados, mas, na hora da prova, o resultado era sempre abaixo do potencial. 

Ela ficava muito nervosa na hora da prova. Depois de algumas sessões comigo, foi fazer um concurso que nem era prioridade, mas, com as emoções no lugar, a coisa mudou de figura. Dia 20 de agosto, estarei na posse dela lá no TST, aqui em Brasília. 

No meu perfil do Instagram, eu tenho uma pilha de depoimentos de pessoas que ressignificaram a forma de estudar depois do meu acompanhamento. 

Gente que não conseguia ficar 20 minutos na frente da tela e agora estuda 3, 4 ou mais horas seguidas.  E tem mais: aquilo que atrapalha nos estudos costuma atrapalhar em outros lugares da vida (no trabalho, nos relacionamentos, pessoais ou profissionais). Sem perceber, a pessoa melhora outras áreas também.