“Informação não tem tamanho. Então, não pode ser maior, nem menor. Por isso, não devemos dizer maiores informações.”
É bem provável que você já tenha escutado a afirmação acima, não é mesmo? Eu também. E, durante muitos anos, acreditei que ela estava certa, mas, na verdade, ela está redondamente equivocada.
Não há nada de errado com “maiores informações”. Neste artigo, vamos apresentar os motivos que tornam a expressão válida e absolutamente correta. Vamos lá!
De onde vem o mito sobre “maiores informações”?
Algumas pessoas defendem que o adjetivo maior só deve ser utilizado quando nos referimos a altura ou medida concreta. Mas isso é um mito gramatical!
Como bem nos mostra o professor Gabriel Lago, os dicionários apresentam muitos outros significados e usos para esse termo, que vão muito além de uma simples comparação de tamanho físico.
O que os principais dicionários dizem sobre o uso de “maior”?
O Houaiss, entre as definições para a palavra maior, traz a seguinte: “que supera outro em número, grandeza, extensão, intensidade etc.; superior.”
O Priberam, por sua vez, apresenta o seguinte significado: “que excede outro em quantidade, volume, extensão, intensidade ou duração.”
Já o Aulete registra: “que supera outro em tamanho, dimensão, duração, intensidade, etc.”
Diante disso, quando dizemos “maiores informações“, estamos falando de informações em maior quantidade, com maior extensão, profundidade ou intensidade. Por isso, a expressão é plenamente legítima. Você pode usar sem medo!
Exemplos consagrados com “maiores informações”
Em sua pesquisa, o professor Lago traz exemplos de uso da expressão “maiores informações” por estudiosos consagrados da Língua Portuguesa, como Domingos Paschoal Cegalla e Ataliba de Castilho:
- “Nos verbetes lhe e objeto direto de pessoa damos maiores informações sobre…”
(Cegalla)- “Ao ouvir uma dessas palavras, entendemos logo seu sentido, sem a necessidade de maiores informações…” (Ataliba T. de Castilho)
No mesmo sentido, há, na literatura brasileira, diversos registros de uso do adjetivo “maior”, com sentido de “mais”, com termos abstratos, em que não há necessariamente uma comparação de altura ou de medida.
Inclusive há passagens do principal escritor do nosso idioma, o Bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis. Vejamos dois exemplos:
- “…estava dando maior atenção do que devia…” (Machado de Assis)
- “…acolheram-me com as maiores atenções.” (Franklin Távora)
- “Mesmo assim, e para obter maiores informações, defendi a vaca: – Ela quebrou meu galho!” (Carlos Heitor Cony)
- “O pagamento do remorso, porque o conde entregava as maiores responsabilidades aos campo.” (Eça de Queirós)
Posso falar “maiores informações” sem medo?
Em resumo, a ideia de que não se deve usar “maiores informações” não passa de um mito — mais um entre tantos que circulam por aí sem fundamento linguístico.
Os gramáticos, os dicionários e os próprios escritores da nossa literatura confirmam a legitimidade dessa construção. A utilização da expressão, nesse sentido, é não apenas correta, como também natural e consagrada pelo uso.
Da próxima vez que alguém tentar corrigir, você já tem maiores argumentos para explicar por que está certo.
