A forma correta é “a mascote”. Neste artigo, vamos explicar por que a palavra é feminina e vamos falar sobre a origem do termo. Vejamos!
Em clima de Copa do Mundo, o brasileiro se apropria dos símbolos da seleção e do evento. Bandeirinhas, cornetas, álbum de figurinhas, camisas amarelas, mascotes. Todo grande evento esportivo tem suas referências. No Catar, não será diferente. A figura que promove o mundial chama-se La’eeb, palavra que em árabe significa jogador super-habilidoso ou craque. O personagem é o próprio lenço de cabeça masculino, tradicional da cultura árabe.
La’eeb se une ao clube de mascotes que tem Zabivaka (da Copa do Mundo da Rússia), Fuleco (Brasil) e Zakumi (África do Sul). A tradição foi inaugurada em 1966 por Willie, um leão que usava uma camisa com os dizeres “World Cup” e representava um dos maiores símbolos da Inglaterra, país anfitrião daquele mundial.
Tá, mas o que a mascote oficial do torneio tem a ver com o Clube do Português? Bem, é uma boa oportunidade de ilustrar uma dúvida bem simples: é “o” mascote ou “a” mascote?
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ToggleSubstantivo sobrecomum
Praticamente todos os dicionários definem “mascote” como sendo um substantivo sobrecomum do gênero feminino. É a mesma lógica de outras palavras do português que terminam com a letra “e”, portanto, sem marcar de cara o gênero pela força do feminino “a” ou do masculino “o”, casos de “a alface” e “a face”.
Note que os substantivos sobrecomuns têm somente um gênero gramatical estabelecido, mas nem sempre é o feminino. “O cônjuge”, por exemplo, é sobrecomum do gênero masculino.
Herança francesa
Mascote é um substantivo derivado do francês mascotte, palavra originalmente feminina sinônimo de amuleto e de animal de estimação, mas que, em geral, designa um animal, pessoa ou coisa que represente simbolicamente uma entidade, uma equipe, uma empresa etc.
O dicionário Aulete é o único a admitir “mascote” como substantivo de dois gêneros, podendo aparecer no masculino ou no feminino. Mas, como essa classificação diverge de todas as demais, inclusive do Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, o melhor é seguir a orientação da maioria.
Nem macho nem fêmea
O gramático Napoleão Mendes de Almeida explica, no clássico “Gramática Metódica da Língua Portuguesa”, que os gêneros masculino e feminino são conceitos gramaticais dissociados dos significados de macho e fêmea. Até porque, em muitos casos, as palavras representam objetos inanimados que, por óbvio, não desempenham qualquer atividade sexual.
Ele explica que se o nome é “de coisa”, o gênero gramatical que lhe é atribuído é “fictício”, baseado ou na terminação do vocábulo ou na sua significação.
Brecha para dúvida
Há alguns substantivos que deixam dúvida quanto a seu gênero. É o caso de “champanha” (ou “champanhe”). Embora venha à lembrança por ser uma “bebida” (que é palavra feminina), os dicionários indicam para ela o gênero masculino. Portanto, o correto, segundo os dicionários é:
- o champanha / o champanhe
Assim é também com “o cólera” (doença). Mas aqui tem uma diferença. Se a referência for outra, no sentimento raivoso, aí, sim, temos “a cólera”.
Outros substantivos que causam confusão:
- o sabiá (ave)
- o guaraná (bebida)
- a cal (pó branco resultado da pedra calcária)
- a comichão (coceira)
- a libido (instinto ou desejo sexual)
- a sentinela (soldado que faz a vigilância do quartel)
Há ainda casos em que tanto faz o masculino ou feminino, o significado da palavra é o mesmo:
- a personagem
- o personagem
- o diabetes
- a diabetes
- o preá
- a preá
Conclusão, La’eeb é “menino”, mas deve ser tratada no feminino.
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