Quinhentismo é a denominação dada a todas as manifestações literárias no Brasil durante o século XVI. Esse período corresponde à introdução da cultura europeia em terras brasileiras, portanto as manifestações literárias do Quinhentismo fazem parte da literatura de viagens do Renascimento português.

Por essa razão, não se fala que o Quinhentismo seja uma literatura do Brasil, mas uma literatura no Brasil e sobre o Brasil. Ou seja, é uma literatura que não reflete a cosmovisão do homem brasileiro, mas, sim, a cosmovisão, as ambições e as intenções do homem europeu.

Dividimos essas manifestações literárias em literatura informativa, dos viajantes, e literatura catequética, do Pe. José de Anchieta.

Literatura informativa

Com o crescente desenvolvimento da manufatura e do comércio internacional durante o Renascimento europeu, no século XVI, temos o abandono do campo, o que leva a um surto de urbanização. Além disso, o homem europeu passa a buscar constantemente conquistas materiais por meio das Grandes Navegações.

Como consequência dessas navegações, temos a literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes, cujo objetivo é descrever a “terra nova”. Logo temos textos meramente descritivos, com pouco valor literário, mas com grande valor histórico, visto que são a única fonte de informação sobre o Brasil no século XVI.

Esses textos são documentos, cartas e relatórios de navegantes, de administradores e de missionários e autoridades eclesiásticas. Os principais são:

– 1500: Carta, de Pero Vaz de Caminha;

– 1530: Diário de Navegação, de Pero Lopes de Sousa;

– 1557: Diálogo sobre a conversão do gentio, de Pe. Manuel da Nóbrega;

– 1576: Tratado da terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo;

– 1576: História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo;

– 1583: Tratado da terra e da gente do Brasil, de Pe. Fernão Cardim;

– 1587: Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Souza;

– 1618: Diálogos das grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão, 

– 1627: História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador. 

De modo geral, além de descrever os costumes exóticos dos índios, a fauna e a flora, esses textos exaltavam a terra. O excesso de adjetivação advinha da perplexidade do europeu diante do novo, do exótico.

Literatura catequética

No século XVI também temos uma ruptura da Igreja: de um lado, a Reforma Protestante; de outro, a Contrarreforma, que influenciou o homem português a também buscar conquistas espirituais. Como consequência da Contrarreforma, temos o trabalho de catequização feito pela Companhia de Jesus, ordem religiosa dos jesuítas.

Em terras brasileiras, esse trabalho foi protagonizado pelo Pe. José de Anchieta e deu origem à literatura catequética, também chamada de literatura de formação. Por meio da poesia e do teatro, Pe. Anchieta tinha apenas objetivo pedagógico, que era ensinar a fé católica para os índios. Contudo, suas obras são consideradas as melhores produções literárias do Quinhentismo brasileiro do ponto de vista estético.

Anchieta escreveu, entre 1554 e 1594, cartas, informações, fragmentos históricos e sermões, além de vários poemas, com destaque para De Beata Virgine Dei Matre Maria, longo poema, em latim, em louvor à Virgem Maria. Também produziu vários teatros, sendo o auto Na festa de São Lourenço o mais conhecido.

Características das obras de Pe. Anchieta:

– versos redondilhos;

– caracterização do Bem e do Mal, do Anjo e do Diabo;

– teatro alegórico (como os autos de Gil Vicente);

– escrita nas línguas que se falavam na Colônia: português, espanhol, tupi e latim.

José de Anchieta nos deixou ainda a primeira gramática da língua tupi, datada em 1595 e chamada de Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil.

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