O desenvolvimento da linguagem de uma criança é influenciado diretamente pela sua família. Ainda que, na escola, a alfabetização ocorra por volta dos seis anos de idade no primeiro ano do ensino fundamental, para muitas crianças apenas esse primeiro ano não é suficiente para alfabetizá-las.

Consequentemente, esses alunos são os mais prejudicados nos anos seguintes, visto que a leitura é um instrumento essencial no aprendizado de outras matérias, como História, Geografia, Matemática e Ciências.

Portanto, para garantir que a alfabetização ocorra de forma eficaz, é necessário que os pais ajudem as crianças a desenvolver habilidades de linguagem oral, leitura e escrita antes mesmo delas irem para a escola.

Para isso, as práticas de Literacia Familiar são fundamental! Elas contribuem para o desenvolvimento dos Facilitadores da Alfabetização, que são essenciais para aprender a ler, a escrever e a calcular. 

Quais são os Facilitadores da Alfabetização?

Existem sete Facilitadores da Alfabetização. Abaixo, detalhamos as características e a importância de cada um deles

1) Desenvolvimento da linguagem oral

A linguagem oral é desenvolvida por meio de habilidades referentes à fala e à compreensão do que se ouve. Tanto os pais quanto os professores passam grande parte das informações educacionais pela fala, portanto é crucial que a criança consolide suas habilidades de linguagem oral.

Para isso, a criança deve adquirir e/ou desenvolver:

1.1) Vocabulário: conjunto de palavras conhecidas pela criança. Ele está dividido em:

a) vocabulário receptivo: palavras que a criança é capaz de escutar e compreender;

b) vocabulário expressivo: palavras que a criança é capaz de utilizar.

Quanto mais abrangente for o vocabulário de uma criança, mais chances ela tem de compreender o que ouve e lê.

1.2) Compreensão oral: capacidade de a criança compreender o que ouve. Se a criança compreende o que ouve, consequentemente compreenderá o que lê. Dentro deste Facilitador, são trabalhadas:

a) Percepção da ordem temporal dos eventos: identificar quando ocorreu cada ação de uma história;

b) Compreensão das motivações das personagens: compreender que toda ação é movida por um sentimento (amor, raiva, medo, inveja, ciúme etc.);

c) Identificação dos elementos narrativos: identificar em cada história o seu enredo, espaço, tempo, narrador e personagens;

d) Compreensão da mensagem da história: compreender o ensinamento que há por trás de cada história infantil lida.

1.3) Capacidade de identificar os usos práticos da língua: identificar os diferentes usos e propósitos da língua em cada contexto (entreter, ensinar, informar, relacionar-se, expor sentimentos etc.)

1.4) Familiaridade com as estruturas semânticas da língua: compreender o significado das palavras em diferentes contextos e o uso de sinônimos e antônimos.

1.5) Familiaridade com as estruturas gramaticais da língua: compreender a estrutura de uma sentença. Para isso, é importante que a criança esteja imersa em um ambiente de conversas.

2) Aquisição de conhecimentos variados sobre o mundo

A interpretação de texto fica muito mais fácil quando se tem conhecimento prévio do que se lê. Portanto, é fundamental ampliar dia após dia o conhecimento de mundo das crianças por meio de passeios, músicas, conversas, viagens, leituras, esportes, filmes, afazeres domésticos etc.

3) Consciência fonológica e consciência fonêmica

Para compreender as relações entre as letras e os sons da fala, é preciso ter consciência fonológica e consciência fonêmica:

a) consciência fonológica: habilidade de identificar e manipular os sons da fala, como palavras, sílabas, rimas e fonemas.

b) consciência fonêmica: está contida na consciência fonológica, pois se refere ao conhecimento da menor unidade da fala, o fonema.

4) Conhecimento alfabético

Conhecimento alfabético é saber reconhecer as letras do alfabeto e relacionar os sons da fala a essas letras. 

5) Conhecimentos sobre a escrita

As convenções da escrita englobam:

a) direcionalidade: que se lê da esquerda para a direita, de cima para baixo;

b) como segurar e folhear os livros corretamente;

c) reconhecer os elementos que compõem um livro: capa, título, autor, ilustrador etc.;

d) noções sobre as funções dos sinais de pontuação;

e) consciência de que os textos são formados por palavras separadas por espaços vazios.

6) Coordenação motora fina

Estimular e treinar a coordenação motora fina da criança para que seja capaz de segurar o lápis e de fazer com ele o traçado das letras.

7) Funções executivas

As funções executivas incluem:

a) Controle Inibitório: capacidade de controlar comportamentos, pensamentos, emoções e impulsos inadequados;

b) Memória Operacional: capacidade de manter e operar informações na mente;

c) Flexibilidade Cognitiva: capacidade de enfrentar com criatividade situações e problemas inesperados e variados.

Todos esses Facilitadores da Alfabetização dão aos pais e responsáveis mais domínio sobre as práticas de Literacia Familiar e podem ser adaptados de acordo com o contexto de cada família.

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Gostou do artigo? Então, vale a pena aprofundar seus conhecimentos com o Guia da Alfabetização.