Fazer alguém refém ou de refém: qual a forma correta?

De acordo com Domingos Paschoal Cegalla e Celso Pedro Luft, a construção “fazer de” tem o sentido de “simular” ou de “fingir”. Nesse contexto, não seria adequado dizer que “alguém foi feito de refém”, porque não estamos diante de uma encenação. Por essa razão, a forma mais adequada é dizer que “alguém foi feito refém”, sem a preposição “de”.

Neste artigo, vamos trazer a visão de linguistas consagrados que confirmam esse posicionamento. Vejamos!

Fazer alguém refém ou fazer alguém de refém?

Fazer alguém refém

De acordo com Celso Pedro Luft, em seu Dicionário Prático de Regência Verbal, o verbo “fazer” no sentido de destinar a ou constituir alguém em determinado papel ou função é transitivo direto. Por isso, dispensa o uso de preposição.

Para deixar isso mais claro, vejamos um exemplo trazido pelo próprio autor:

  • Por falta de homens, fizeram meu pai juiz.

Essa parece ser a construção a ser aplicada à frase “fazer alguém refém”. Afinal, nesse caso, estamos diante de um cenário em que um criminoso destina à pessoa – ainda que contra sua vontade – o papel de refém.

Para exemplificar, vamos conferir uma frase:

  • Mulher feita refém na Avenida Paulista viraliza na web: “Tanta coisa para fazer e eu ali parada.”

Fazer-se ou Fazer de

Segundo Domingos Paschoal Cegalla, em seu Dicionário de Dúvidas da Língua Portuguesa, as expressões “fazer-se de” e “fazer de” têm o sentido de simular ou fingir. Nesse sentido, o autor traz os seguintes exemplos:

  • O rei fez-se de mendigo.
  • Faz de severo, mas é um trocista.
  • Temos de fazer de cabritos monteses por essas pedras acima.

Na mesma linha, vai Celso Luft, que explica o significado da construção “fazer de” por meio da seguinte frase: “Fazer alguém de palhaço.”

Diante do exposto, como dissemos lá na abertura deste artigo, não faz sentido dizer que alguém foi feito de refém, pois estamos diante de uma situação real e grave, e não de uma simulação.

Referências

  • Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, Domingos Paschoal Cegalla, páginas 178 e 179.
  • Dicionário Prático de Regência Verbal, Celso Pedro Luft, páginas 299 e 300.

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