A transitividade verbal indica a relação do verbo transitivo com os seus complementos. Isso porque, quando o verbo transitivo está sozinho, ele não possui um sentido completo, necessitando da transição para um determinado elemento que o complemente. 

Neste artigo, você vai aprender a diferenciar os conceitos de verbo é transitivo direto, indireto, bitransitivo e intransitivo por meio de exemplos. Acompanhe a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre o assunto!

Transitividade verbal: guia completo com exercícios comentados.

O que é transitividade verbal?

Como dito anteriormente, a transitividade verbal é a ligação que um verbo transitivo tem com o seu objeto. Em outras palavras, trata-se da forma como um verbo é regido para ter conexão com o seu complemento. 

Para você entender melhor, acompanhe o exemplo a seguir:

  • A Luísa não quer.

Ao ler a frase acima, não é possível entender o que a Luísa não quer. Isso porque o verbo “querer” necessita de um complemento, ou seja, de um objeto para ganhar sentido. Logo, ele é um verbo transitivo. Veja um novo exemplo:

  • A Luísa não quer pão.

Agora, a oração está completa e conseguimos entender o seu contexto. Melhor dizendo, o verbo transitivo apresenta o seu objeto, o “pão”. Assim, para identificar a transitividade verbal, é necessário entender que ela está associada a uma transmissão do sentido de ação do verbo com o seu objeto. 

Além disso, conforme o tipo de complemento, a classificação dos verbos também muda, podendo ser:

  • verbo transitivo direto (VTD);
  • verbo transitivo indireto (VTI);
  • verbo transitivo direto e indireto (VTDI);
  • verbo intransitivo (VI).

No tópico abaixo, falaremos sobre cada uma delas em detalhes. 

Classificação dos verbos segundo sua transitividade

Abaixo, você verá o tipo de classificação dos verbos de acordo com sua transitividade. 

Verbo transitivo direto (VTD)

É definido como transitivo direto (VTD) o verbo cujo o complemento (ou objeto) não apresenta preposição ou conectivo. Em geral, o complemento tem a função de responder às perguntas “o quê?” e “quem?”.

Atente-se aos exemplos:

  • Mariana solicitou a correção da prova. (solicitou o quê? A correção da prova)
  • Carlos finalizou o trabalho. (finalizou o quê? O trabalho)
  • Eu fiquei sem entender o meu irmão. (entender quem? Meu irmão)
  • Leonardo desrespeitou a professora. (desrespeitou quem? A professora)

Objeto direto preposicionado

Existem quatro casos em que o complemento dos verbos transitivo direto será precedido por preposição. É o que chamamos de objeto direto preposicionado:

  1. Pronomes pessoais tônicos, como mim, ti, ele, eles, ela, elas: “Esse tipo de mentira pode destruir a ela e a mim.”
  2. Na representação do nome de Deus: “Amarás a Deus acima de todas as coisas.”
  3. Pronomes substantivos demonstrativos indefinidos ou interrogativos: “O síndico ofendeu a todos os presentes.”
  4. Verbos transitivos diretos que exprimem sentimentos: “Não quero magoar a ninguém com minhas atitudes impensadas.”

Verbo transitivo indireto (VTI)

O verbo transitivo indireto (VTI), por sua vez, além de não ter sentido sozinho na oração, ainda precisa de um objeto que diga “o quê”, “quem” e “para quem”. Neste caso há preposição obrigatória e o complemento é chamado de objeto indireto. Observe:

  • Tenho dúvidas do amor de Daniel. (dúvida de quê? Do amor de Daniel)
  • Eu acredito muito na lealdade de Sophia. (acredita no quê? Na lealdade de Sophia)
  • Esperei por Ana uma tarde inteira. (esperou por quem? Por Ana)
  • A mensagem é para o João. (a mensagem é para quem? Para o João)

Objeto pleonástico

Há casos em que o objeto direto ou indireto é repetido para reforçar uma determinada ideia. Nesse contexto, temos o chamado objeto pleonástico. Vejamos alguns exemplos:

  • Os livros de ficção científica, li-os com muito prazer.
  • Ao sujeito simples basta-lhe o que tem.
  • Os relatórios, entreguei-os todos hoje pela manhã ao chefe.

Verbo transitivo direto e indireto (VTDI) ou bitransitivo

O verbo transitivo direto e indireto também é chamado de bitransitivo e se trata de um verbo que necessita do objeto direto e indireto. Melhor dizendo, é um verbo que precisa de dois complementos, sendo um deles sem a exigência de preposição (objeto direto) e o outro com preposição obrigatória (objeto indireto). 

Nesse caso, os objetos direto e indireto completam o sentido do verbo, trazendo a informação sobre “o quê” e “a quem?” Acompanhe os exemplos:

  • Enviei uma mensagem para Catarina ontem. (enviou o quê, a quem? A mensagem a Catarina)
  • Contei o meu segredo mais íntimo para Jocasta. (contou o quê, a quem? Meu segredo mais íntimo para a Jocasta)
  • Esclareci todos os fatos para o meu marido. (esclareceu o quê, a quem? Todos os fatos para o meu marido)

Verbo intransitivo (VI)

O verbo intransitivo (VI), diferentemente dos transitivos, não precisa de complemento para obter um sentido pleno. Em outras palavras, a intransitividade verbal indica que o verbo em questão possui significado por si só, ou seja, é capaz de transmitir a informação completa sobre o sujeito. 

Entretanto, é importante destacar que isso não significa que uma oração com um verbo intransitivo precise, necessariamente, acabar nesse verbo. Porém, mesmo que isso ocorra, ainda assim será compreensível. Dessa forma, não descarte a possibilidade da intransitividade em uma prova somente por esse fator. 

Veja os exemplos:

  • Maria nasceu.
  • Maria nasceu ontem.
  • Eu dormi.
  • Eu dormi cedo.
  • O gato morreu.
  • O gato morreu de fome.
  • Elas chegaram.
  • Elas chegaram tarde.

É válido dizer que as informações “ontem”, “cedo”, “de fome” e “tarde” podem ser classificadas como adjunto adverbial. 

Objeto direto interno ou cognato

Na língua portuguesa, por uma questão de estilística, há casos em que verbo intransitivos são usados transitivamente. Nesse caso, objeto direto, em geral, é representado por um substantivo cognato do verbo ou pertencente ao mesma campo semântico dele.

A esse fenômeno dá-se o nome de objeto direto interno, intrínseco ou cognato. Vejamos alguns exemplos:

  • Eu vivi momentos incríveis naquela cidade.
  • Gustavo dorme o sono dos justos.
  • Sonhei um sonho maravilhoso esta noite.

Exercícios sobre transitividade verbal

Para fechar este artigo, vamos conferir 3 questões com gabarito comentado sobre transitividade verbal:

Questão 1

Qual dos seguintes períodos apresenta verbo transitivo direto?

a) João corria na rua todos os dias.
b) Mariele dormia bem sempre que estava na casa dos pais.
c) Rafael sempre comia a comida com pressa.
d) Para não se atrasar, Marta saiu de casa assim que o alarme tocou.

Questão 2

Assinale a alternativa em que os dois verbos podem ser utilizados como transitivo indireto:

a) Ajudar/Gostar
b) Precisar/Obedecer
c) Apagar/Correr
d) Sumir/Latir

Questão 3

Assinale a alternativa em que há um erro de transitividade verbal:

a) A mudança do tempo implicou em muitas chuvas por todo país.
b) A enfermeira assistiu o médico durante a cirurgia.
c) Márcio sempre desobedecia às normas da empresa.
d) Carla achou o gato embaixo da escada.

Gabarito comentado dos exercícios

  • Questão 1 – Resposta: Letra C. O verbo “comer” é transitivo direto e pede completo sem preposição (objeto direto). Os demais verbos são todos intransitivos.
  • Questão 2 – Resposta: Letra B. Tanto o verbo “precisar” quanto o verbo “obdecer” são transitivos indiretos e pedem complementos preposicionados. O verbo “precisar” é geralmente usado com a preposição “de” (“Preciso de ajuda”). Já o “obedecer” é comumente acompanhado da preposição “a” (“Obedecia sempre a sua mãe”).
  • Questão 3 – Resposta: Letra A. O verbo “implicar” no sentido de “acarretar” é sempre transitivo direto. Logo, seu complemento deve vir sem preposição. Assim a frase correta seria: “A mudança do tempo implicou muitas chuvas por todo país.”

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