O plural metafônico ocorre quando o som da vogal “o” de uma palavra no singular é diferente do timbre dessa letra quando a palavra vai para o plural. Neste artigo, vamos explicar melhor este conceito. Vejamos!
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Não conheço idioma cujo registro da língua (escrita) seja mais distante da efetiva pronúncia de palavras e frases do que o francês. Mas os franceses não estão sozinhos nisso. Em menor medida, claro, o português também tem casos em que há diferença marcante entre como uma palavra é dita e como ela é escrita.
Vamos falar aqui de um caso particular, que é o plural metafônico.
Começo com um exemplo bem simples: a palavra “ovo”. A sua pronúncia correta é com o “o” inicial fechado (ô). Porém, quando a palavra vai para o plural, esse “o” vira “ó”, embora a escrita não leve acento: “/ó/vos”.
Este fenômeno chamado metafonia, portanto, refere-se à mudança do timbre da vogal nas situações em que o termo está no singular ou no plural. No singular, a palavra apresenta-se com um som mais fechado, no plural, com um som mais aberto. Tudo sem acento.
Há uma série de outros exemplos:
- Caroço – caroços
- Corpo – corpos
- Destroço – destroços
- Esforço – esforços
- Fogo – fogos
- Jogo – jogos
- Olho – olhos
- Osso – ossos
- Porco – porcos
- Porto – portos
- Reforço – reforços
- Tijolo – tijolos
- Torto – tortos
- Troço – troços
Tradição oral
Como não há um acento marcando a sílaba tônica da palavra escrita, normalmente o que nos ajuda a fazer automaticamente essa mudança na pronúncia vem da tradição oral.
Mas o tema não deve ser ignorado e pertence à gramática, especialmente à parte chamada ortofonia, que estuda a pronúncia correta das palavras e frases, segundo os padrões da língua culta.
Seja como for, os gramáticos alertam que o plural metafônico ocorre em todas as palavras terminadas em “-oso” e “-posto”. Veja os exemplos:
- Amist/ô/so > amist/ó/sos
- Coraj/ô/so > coraj/ó/sos
- Teim/ô/so > teim/ó/sos
- Imp/ô/sto – imp/ó/stos
Toda regra tem suas exceções
Por conta dessa lógica do plural metafônico, muita gente acaba errando na conversão sonora de algumas palavras. Eu já ouvi gente dizendo “cach/ó/rros”, sendo que o correto é manter o “ô”: cach/ô/rros.
O gramático Evanildo Bechara lembra de vários outros casos nos qual as palavras que levam o “ô” de timbre fechado no singular permanecem com “o” fechado no plural: acordo, almoço, alvoroço, bolo, bolso, caolho, coco, contorno, esboço, esposo, fofo, forro, globo, gosto, horto, logro, morro, rolo, sogro, sopro, soro, toco, topo, transtorno e tantos outros mais.
Há outra curiosa exceção: mesmo que o substantivo comum possa sofrer metafonia no plural (caso de “p/ô/rto/p/ó/rtos”), sua pronúncia se manterá intacta caso ele assuma no plural a função de designar nome próprio (normalmente um sobrenome), como “Porto”. Veja:
Os P/ô/rtos compraram uma casa na minha rua.
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