Sujeitos correferentes: como é cobrado em provas de concurso?

Sujeitos correferentes são sujeitos de orações diferentes que se referem a uma mesma entidade ou pessoa dentro de determinado contexto. Esse conceito tem começado a ser cobrado em provas de concursos públicos, especialmente da banca Cebraspe (Cespe).

Neste artigo, vamos anlisar uma questão sobre o tema e também detalhar melhor esse tópico. Confira!

O que é correferência?

De acordo com o pesquisador Ruslan Mitkov, a correferência é um fenômeno que ocorre quando duas ou mais menções no texto referem-se a uma mesma entidade no mundo real. Para entender melhor o conceito, vamos analisar um exemplo:

  • Ana é professora em uma escola de ensino infantil. Ela sempre muito tranquila e atenciosa com os estudantes. Contudo, naquele dia, a pedagoga acabou se estressando com a bagunça de algumas crianças.

Percebe que os termos “Ana”, “ela” e “a pedagoga” referem-se todos a uma mesma pessoa. A esse conjunto de menções a uma mesma entidade Mitkov dá o nome de cadeia de correferências.

Nesse contexto, como as três vocábulos exercem a função sintática de sujeito, estamos diante de um caso de sujeitos correferentes.

Agora vamos conferir como esse conceito é cobrado em provas.

Questão sobre sujeitos correferentes

CEBRASPE (CESPE) – 2023 – Analista Judiciário 02 (TJ ES)/Apoio Especializado/Taquigrafia
Texto 20A2-I

Texto da questão sobre sujeitos correferentes do Cebraspe (Cespe)

Tendo como referência aspectos estruturais e linguísticos do texto 20A2-I, julgue o item que se segue.

No primeiro período do terceiro parágrafo, os sujeitos sintáticos das formas verbais “circulavam” e “demarcam” são correferentes.

  • Certo
  • Errado

Análise da questão sobre sujeitos correferentes

O gabarito da questão é errado. Para entender melhor, vamos analisar as orações para encontrar o sujeito de cada uma delas.

Em ambas as orações, o sujeito é o pronome relativo “que”. Ele é utilizado para retormar o termo anterior da oração principal, introduzindo uma oração subordinada adjetiva. Vejamos:

1) Escapou aos ismos, que circulavam nos ambientes acadêmicos.

Nessa oração, o pronome relativo retoma o substantivo “ismos”. Para deixar isso mais claro, vamos fazer essa substituição na frase: “Os ismos circulavam nos ambientes acadêmicos.”

Em seguida, vamos analisar a outra frase:

2) forjou recursos complexos de explicação, integrativos e de síntese, que demarcam a obra da inteligência erudita e criadora.

Nessa outra oração, o pronome “que” retoma o termo “recursos complexos de explicação, integrativos e de síntese”. Para ilustrar melhor esse processo, vamos realizar a substituição: “Recursos complexos de explicação, integrativos e de síntese demarcam a obra da inteligência erudita e criadora.”

Agora, já deu para perceber que os dois pronomes relativos, apesar de exercerem a função de sujeito de suas orações, referem-se a entidades diferentes. Enquanto o primeiro se refere aos “ismos”, o segundo se refere aos “recursos complexos”. Logo, eles não são sujeitos correferentes.

Referência

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