Na hora de declarar os sentimentos, nem sempre nos importamos com as construções gramaticais corretas, já que o intento é transmitir sentimentos, não um profundo conhecimento gramatical da língua portuguesa.
Viemos neste artigo explicar, dentro do universo que envolve declarações de amor, quais são as formas gramaticalmente corretas de expressar seu amor, seja com “te amo”, “eu te amo” ou “amo-te”. Vamos lá!
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ToggleEu Te Amo, Te Amo ou Amo-te – Qual a Diferença?
As formas de expressar sentimentos mudam de acordo com a pessoa que o “te” representa, e aí então poderemos dizer se está ou não correta a frase. Sempre que o “te” se refere à segunda pessoa do singular “tu”, a frase está correta.
Mas, se por acaso se referir a “você”, terceira pessoa do singular, é preciso mudarmos o “te” por “o” ou “a” para que a frase seja correta gramaticalmente, apesar desse engano ser frequentemente cometido aqui no Brasil.
Explicação gramatical das três formas
Para que a frase tenha seu sentido correto, é preciso que o pronome oblíquo “te” esteja representando o pronome pessoal “tu”, como podemos ver nos exemplos mencionados logo abaixo. Em caso de o “te” estar ligado ao “você” da terceira pessoa do singular, é preciso, para que haja concordância, mudar para “o” e “a”. Vejamos abaixo alguns exemplos:
Quando usar cada uma
- Eu te amo muito, tu és a razão da minha vida.
- Tu tens que acreditar que eu te amo.
- Amo-te para sempre, meu sol.
- Desde sempre amo-te.
- Eu a amo, você é meu presente dos céus.
- Eu o amo, e quero passar minha vida ao teu lado.
A expressão “te amo ” está correta?
A expressão “te amo” é usada de forma corriqueira por aqui, mas o que precisa ser lembrado é que as frases que são iniciadas com pronomes pessoais do caso oblíquo, com ou sem preposições, não estão corretas. Ou seja, é incorreto iniciar orações da seguinte forma:
Pronomes pessoais oblíquos átonos:
1ª Pessoa – Me (no singular), nos (no plural);
2ª Pessoa – Te (no singular), vos (no plural);
3ª Pessoa – Se, lhe, o, a (no singular), se, lhe, os, as (no plural).
Os pronomes pessoais oblíquos átonos não precisam ser acompanhados por nenhuma preposição para que seu sentido seja compreendido. Eles exercem a posição de complemento da oração.
Pronomes pessoais oblíquos tônicos:
1ª Pessoa – Mim, comigo (no singular), conosco (no plural);
2ª Pessoa – Ti, contigo (no singular), convosco (no plural);
3ª Pessoa – Si, consigo, (no singular), si, consigo (no plural).
Os pronomes pessoais oblíquos tônicos precisam, em regra, ser acompanhados por preposição para que o seu enunciado seja entendido. De acordo com a explicação acima, percebemos que a expressão “te amo”, gramaticalmente falando, está errada, pois não devemos começar uma oração fazendo o uso do pronome pessoal.
Porém, é algo ainda muito discutido, pois, apesar da norma nos indicar o erro, algumas expressões, com o passar do tempo, podem se tornar consagradas pelo uso, por facilitarem a comunicação entre os falantes. Contudo, o correto, de acordo com a gramática normativa, é o uso da ênclise, ou seja, do pronome após o verbo: “Amo-te”.
Uso de “Amo-te” no Português de Portugal
Apesar de termos em 2009 unificado a língua portuguesa através do Novo Acordo Ortográfico, os hábitos ainda se diferem bastante no que diz respeito a Brasil e Portugal. Por isso, podemos afirmar que, enquanto no Brasil é mais difícil encontrar declarações de amor que digam “amo-te”, em Portugal essa expressão é bastante comum.
Isso se dá pois, lá na Europa, o português utilizado se encontra mais próximo ao latim. E, por mais que ambas as expressões tenham o mesmo significado, essa diferença consegue demonstrar como a língua se adapta a diferentes contextos culturais.
Diferenças culturais entre Brasil e Portugal
As diferenças entre o país colonizador e o colonizado são muitas, desde a forma mais amistosa e liberal no tratamento com outras pessoas até o linguajar muito mais despreocupado com o que pregam as regras gramaticais.
Enquanto em Portugal se usa “amo-te”, aqui no Brasil o mais comum é ouvir “te amo”, ainda que essa não seja a forma correta de se expressar.
Exemplos do uso em Portugal
O uso de pronomes oblíquos em Portugal costuma ser feito da forma correta, e é bastante comum ouvir frases do tipos:
- Dá-me uma ajuda.
- Amo-te para sempre.
- Dê-me um cigarro.
Diferenças Entre Português Formal e Coloquial
O nosso idioma permite formas de se expressar diversas, e com isso temos a linguagem formal, também chamada de culta, onde as regras gramaticais sempre serão observadas com mais apuro.
Já a linguagem coloquial, ou informal, expressa a linguagem usada no cotidiano, e trata-se de uma forma de falar mais espontânea, onde cabem regionalismos e que é bem mais flexível em relação às normas gramaticais.
Quando o uso informal é mais adequado
Existem diversas situações ao longo da nossa vida em que precisamos fazer uso da linguagem formal, e por isso o “amo-te” seria a forma mais correta neste caso. Mas, no nosso dia a dia, o mais comum é usar a expressão “eu te amo”, ou mesmo “eu amo você”.
Qual a diferença entre eu te amo e amo-te?
A diferença entre essas duas expressões, além de serem usadas nas formas coloquial e formal, respectivamente, é o posicionamento do pronome oblíquo “te”, uma no meio da frase, entre pronome pessoal e verbo, e a segunda após o verbo.
Eu lhe amo está correto?
Somente a forma “eu o amo” é a correta, uma vez que dizer “eu lhe amo” usa o verbo amar, que é transitivo direto e só pode ter como complementos um objeto direto, que é representado pelos pronomes oblíquos átonos “o”, “a”, “os” e “as”. Já o pronome oblíquo “lhe” representa um objeto indireto, ficando assim essa construção gramatical incorreta.
Exemplos de Frases com “Eu Te Amo”, “Te Amo” e “Amo-te”
Como já foi explicado acima, a expressão “te amo” não pode ser considerada gramaticalmente correta, mas ainda assim é amplamente utilizada aqui no Brasil. Por isso, é muito comum ver frases coloquiais começadas dessa forma.
Exemplos práticos em diálogos cotidianos
- Você sabia que amo sua mãe mais que tudo neste mundo?
- Se amo-te hoje, é sinal que nossa relação será duradoura.
- Eu te amo para sempre, meu amor.
- Te amo mais que tudo!
Uso das expressões em textos formais e literários
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade, “Amar se aprende amando”.
Te amo
te amo
como quem faz silêncio
para apreciar os detalhes;
te amo
como quem acha
que é cedo para se declarar;
te amo
como quem vai embora
sem dizer o que sente;
te amo
como quem acredita
que não existe uma frase
para dizer que te amo
que represente
como realmente
te amo.
Saulo Pessato
Outras formas de outras formas de se expressar usando o verbo “amar”
Para declarar e afirmar seu amor, o verbo amar pode ser usado em vários tempos e pessoas, basta ter criatividade e conhecer as normas.
- Eu sempre te amarei.
- Amei você ontem, amo hoje e amarei amanhã.
- Seu amor me faz a pessoa mais feliz do mundo.
- Amar você é o que me mantém vivo.