Sintagma e paradigma: os mecanismos ocultos por trás dos grandes textos

Imagem retirada do site: helioborgesblog

Existe um mecanismo que está por trás de todo texto. Aqueles que o entendem e o dominam conseguem produzir conteúdos de alta qualidade. Quando aprendi esse tema, dei um salto na minha compreensão de como melhorar minha escrita.

Por isso, quero compartilhar esse conhecimento com vocês (o post é um pouco longo, mas você vai entender algo que muito pouca gente conhece se chegar até o final).

A língua portuguesa se divide em dois grandes eixos: o da seleção (também chamado de paradigma) e o da combinação (também conhecido como sintagma).

Esses conceitos foram cunhados pelo linguista  suíço Ferdinand de SaussureNeste artigo, vamos falar um pouco sobre cada um deles.

Tópicos deste artigo

Paradigma

O primeiro está ligado à escolha das palavras em um texto (também é conhecido com eixo vertical). Ele está relacionado com a semântica. Um ponto importante aqui é que duas palavras não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Também é conhecido com eixo vertical.

Então, a seleção vocabular busca o termo que melhor expresse sua ideia. Olhe, por exemplo, as expressões abaixo:

– presidente eleito;

– mandatário eleito.

As duas estão no mesmo campo semântico, mas têm nuances que impactam a mensagem que vamos passar. “Presidente” expressa uma ideia mais ligada a institucionalidade. Já “mandatário” traz uma relação hierárquica (aquele que recebe um mandato de alguém).

A escolha dos termos deve ser feita de forma estratégica para passar a mensagem precisa ao leitor.

Sintagma

O segundo eixo (o horizontal) está mais ligado à relação entre as palavras. Dele derivam a pontuação, a concordância e as relações de subordinação e coordenação. Ele está bastante ligado à sintaxe.

Um bom exemplo desse eixo são as inversões sintáticas. Veja as frases abaixo:

– No Brasil, a corrupção é um dos maiores males.

– A corrupção é um dos maiores males do Brasil.

Note que, ao mudar a ordem dos componentes, damos destaque para ideias diferentes. No primeiro caso, a ênfase está no adjunto adverbial, no local. Já no segundo, está no sujeito, na ação em si.

O importante aqui é que a sequência em que as palavras estão modifica o tipo de conexão entre elas e isso afeta a mensagem que queremos passar.

Sintonia

Para produzir textos envolventes e que atraiam os leitores, é preciso saber equilibrar os dois eixos. Um exemplo disso é a concordância. Na frase “O cavalo branco do príncipe fugiu”, se decidirmos trocar a palavra “cavalo” por “cachorros”, teremos que fazer um ajuste na concordância (“Os cachorros brancos do príncipe fugiram).

Em resumo, estaremos usando ao mesmo tempo os mecanismo de seleção (para trocar um termo da frase) e  de combinação (para ajustar a conexão entre os vocábulos).

Se você olhar os grandes autores, verá que eles sabem escolher palavras com maestria e conectá-las com habilidade e destreza.

Se você chegou até aqui, já está a frente de 90% dos produtores de conteúdo, que não fazem nem ideia de como funciona esse mecanismo da língua portuguesa.

Consciente do funcionamento do idioma, você conseguirá levar seu trabalho a outro nível.

*

Gostou do artigo? Então, continue seus estudos com o nosso Guia da Redação.

Outros artigos relacionados ao tema