Diferentemente da notícia, que informa sobre algo que acabou de acontecer (ou ainda está em andamento), uma reportagem não tem o compromisso com os fatos imediatos do dia a dia, o novidadeiro, a notícia “fresquinha”.

O compromisso da reportagem é com a interpretação de um assunto, com o aprofundamento dos efeitos e desdobramentos de fatos, trazendo à tona detalhes, nuances, coerências e contradições.

Como um gênero textual nobre do jornalístico, ela faz isso partindo de um ângulo bem mais pessoal. Quando se diz que o texto é mais pessoal, não significa que a reportagem seja veículo de uma visão apenas – este espaço opinativo é reservado aos artigos de opinião, a editoriais dos jornais e revistas e às cartas dos leitores de um veículo de imprensa.

O mais comum é a reportagem recolher várias opiniões, muitas vezes divergentes, até a do próprio repórter/autor em casos específicos. A partir das ideias de vários entrevistados (fontes), o repórter constrói uma espécie de diálogo abrangente entre as diferentes visões, ou monta um painel que tem por objetivo criar um panorama completo (ou bem específico) sobre o tema abordado.

Nesse sentido, a reportagem como gênero jornalístico não só informa como também colabora muito para a tomada de consciência e formação da opinião dos leitores/telespectadores/ouvintes/internautas.

Reportagem tem um pouco de tudo

No fundo, o texto de uma reportagem acaba sendo uma mescla de discursos expositivo, informativo, descritivo, narrativo e opinativo. Um pouco de tudo para levar o leitor ao debate de uma ideia central.

Quando ela expõe informações sobre um determinado assunto para informar o leitor, está se valendo de uma linguagem expositiva e informativa. No momento em que descreve ações e inclui noções de tempo, espaço e personagens, evidencia características descritivas e narrativas. E ainda se mostra opinativa, uma vez que apresenta juízos de valor sobre o tema discorrido.

Ao contrário do texto noticioso, que evita ser assinado pelo autor, a reportagem “pede” a sua assinatura e, algumas vezes, é escrita em primeira pessoa. O jornalista pode utilizar os discursos direto e indireto, intercalando seu ponto de vista com os de testemunhas, entrevistados ou especialistas sobre determinado assunto.

O repórter não se limita a mediar o debate travado entre entrevistados. Ele é o responsável por colher, compilar e elaborar informações estatísticas, históricas e, por vezes, científicas que ajudam a formar o panorama da matéria.

Principais características da reportagem

Além do que já foi exposto aqui, uma reportagem tem foco em temas sociais, políticos, econômicos e usa uma linguagem simples, clara e dinâmica, em discurso direto e indireto.

A reportagem também carrega uma estrutura textual mais ampla e menos rígida que a notícia – que fica presa à ideia da lide. Nela, podem entrar opiniões, interpretações, entrevistas e depoimentos, análises de dados e pesquisa estatística. O autor pode incorporar ainda noções de causa e consequência.

Mesmo assim, a reportagem acaba seguindo alguns padrões de textos jornalísticos. Pelo menos, dois deles podem ser facilmente reconhecidos em reportagens: títulos principal e secundário (manchete e linha fina) e corpo do texto (explora as informações e as apresenta num texto coeso e coerente).

A lide também pode estar presente, mas é comum não vê-la obedecer à fórmula da pirâmide invertida (que coloca as informações essenciais logo no primeiro parágrafo).

Em alguns casos, é provável que esses detalhes fiquem no fim do texto (no pé do texto), como se fosse uma espécie de resumo, ou até que não estejam completos, como é mandatório na notícia.

Resumo

Para fechar este artigo, vamos relembrar as principais características do gênero textual reportagem:

  • Texto escrito em primeira ou terceira pessoa;
  • Abrange diferentes pontos de vistas;
  • Foco em temas sociais, políticos e econômicos;
  • Linguagem formal;
  • Uso de discurso direto e indireto;
  • Mescla de objetividade e subjetividade;
  • O conteúdo é assinado pelo autor;
  • O objetivo é aprofundar e contextualizar determinado tópico;
  • Pode trazer a visão do próprio autor;
  • Gênero textual utilizado no meio jornalístico.