Pleonasmo: o que é, tipos, quando usar, exemplos e questões

O pleonasmo é, segundo Evanildo Bechara, a repetição de um termo já expresso ou de uma ideia já sugerida. Dependendo do contexto, ele pode ser uma figura de estilo ou pode configurar um vício de línguagem.

Neste artigo, vamos detalhar esse conceito e também apresentar todos os seus tipos e resolver questões sobre o tema. Confira!

O que é um pleonasmo?

O professor Mark Forsyth classifica pleonasmo como o uso de palavras desnecessárias que são supérfluas e redundantes em uma frase que, a princípio, não as exige.

Essa redundância pode acontecer por diferentes motivos: distração, falta de extensão vocabular, objetivo estilístico, reforço de uma ideia, etc.

Dessa forma, é importante dizer que nem sempre o pleonasmo é vilão. Por vezes, ele é um recurso valioso para ampliar o impacto estético do texto ou mesmo para compensar a perda de informações causadas por ruídos na comunicação.

Tipos de pleonasmo

Há diferentes tipos de pleonasmo. Nesse sentido, vamos conferir cada um deles em detalhes.

Pleonasmo vicioso

De acordo com a professora Nilce Sant`Ana Martins, o pleonasmo vicioso é “o que se deve à ignorância do significado exato ou da etimologia das palavras.

ex: hemorragia de sangue, decapitar a cabeça, superávit positivo, ganhar de graça, biografia da vida, etc.

Pleonasmo expressivo

A professora Nilce explica que o pleonasmo expressivo é aquele que “enfatiza as ideias transmitidas”. Em outras palavras, ele ocorre quando o autor utiliza de forma intencional a redundância para jogar luz sobre determinadas expressões.

Nesse caso, ele é considerado uma figura de linguagem. Para compreender mais claramente, vamos conferir alguns exemplos:

  • Que horror dos horrorosos horrores! (Mário de Andrade)
  • Tinha a testa enrugada, como quem vivera vida de contínuo pesar. (Alexandre Herculano)
  • Seu leito era como a pedra dura e fria.

Pleonasmo semântico

Segundo Cláudio Brandão, o pleonasmo semântico é aquele em que o sentido de uma palavra se repete em outra.

ex: ver como os olhos, recomeçar de novo, subir para cima, etc.

Pleonasmo sintático

Já o pleonasmo sintático, nas palavras do autor, é aquele em que a mesma função é desempenhada por mais de um elemento, tendo eles a mesma referência.

Um caso clássico é o chamado sujeito pleonástico, que ocorre quando um sujeito já expresso na oração é retomado por um pronome pessoal reto ou demonstrativo. Vejamos alguns casos:

  • Educação, este é um tema que muitas pessoas dizem valorizar, mas que poucas de fato valorizam.
  • O professor, ele está de atestado hoje por conta de uma forte gripe.
  • A casa, ela precisa passar por uma reforma urgentemente.

Pleonasmo gramatical

O linguista suíço Charles Bally considera pleonasmo gramatical, obrigatório, a exigência da língua de que uma mesma noção seja expressa duas ou mais vezes no mesmo sintagma.

ex: As meninas engraçadinhas.

Nesse caso, temos três marcas de gênero e de número para o mesmo referente, dentro do mesmo sintagma nominal.

A professora Nilce Martins, nesse contexto, explica que esse fenômeno representa uma redundância normal da língua.

Questões sobre pleonasmo

Para fixar o que vimos neste artigo, vamos resolver duas questões sobre o tema.

Questão 1 – IDCAP – 2020 – Prefeitura de Fundão – ES – Analista Jurídico

Assinale a alternativa que NÃO apresenta um pleonasmo vicioso.

a) Eu gosto de histórias que tenham compromisso com fatos reais.

b) Penso que outra alternativa seria votar em branco ou nulo.

c) Há um elo de ligação entre as ações dos ambientalistas e das ONGs.

d) Para que as discussões avancem, é necessário que haja um consenso geral.

e) A grande maioria preferiu ficar e esperar o resultado.

Resposta: Letra E

Comentário: A expressão grande maioria não é pleonástica. Afinal, nem toda maioria é grande. Pense, por exemplo, em um julgamento do STF em que 6 juízes se posicionam a favor de um tema e 5 contra.

Nesse caso, temos uma pequena maioria. Já se 10 juízes forem favoráveis e apenas um contrário, estaremos diante de uma enorme maioria.

Vamos agora identificar os pleonasmos viciosos nas outras alternativas:

  • Eu gosto de histórias que tenham compromisso com fatos reais. (todo fato é real)
  • Penso que outra alternativa seria votar em branco ou nulo. (alternativa já é outra coisa)
  • Há um elo de ligação entre as ações dos ambientalistas e das ONGs. (todo elo serve para ligar elementos)
  • Para que as discussões avancem, é necessário que haja um consenso geral. (consenso sempre envolve todas as pessoas, sempre é geral)

Questão 2 – FUNCAB – 2012 – MPE-RO – Técnico em Contabilidade

Pleonasmo é uma figura de linguagem que tem como marca a repetição de palavras ou expressões, aparentemente desnecessárias, para enfatizar uma ideia. No entanto, alguns pleonasmos são considerados vícios de linguagem por informarem uma obviedade e não desempenharem função expressiva no enunciado. Considerando esta afirmação, assinale a alternativa que possui exemplo de pleonasmo vicioso.

a) “(…) E então abriu a torneira: a água espalhou-se (…)”

b) “(…)O jeito era ir comprar um pão na padaria. (…)”

c) “(…)Matá-la, não ia; não, não faria isso. (…)”D

d) “(…) Traíra é duro de morrer, nunca vi um peixe assim. (…)”E

e) “(…) Tirou para fora os outros peixes: lambaris, chorões, piaus; (…)”

Resposta: Letra E

Comentário: Não é possível tirar algo para dentro. Logo, tirar para fora é um evidente caso de pleonasmo desnecessário e, por isso, vicioso.

A letra B poderia gerar alguma dúvida. Devemos, contudo, considerar que não é somente a padaria que vende pão. Podemos encontrar esse produto em outros locais: supermercados, mercearias, feiras, etc.

Conclusão

Como vimos, o pleonasmo é uma ferramenta linguística que exige discernimento. Ao entender seus diferentes tipos — vicioso, expressivo, semântico, sintático e gramatical —, ganhamos clareza para identificar quando uma repetição empobrece a comunicação e quando ela a enriquece.

O domínio dessa distinção é sinal de maturidade linguística: saber evitar o que compromete o texto, mas também saber recorrer à repetição intencional quando ela cumpre um papel expressivo.

Afinal, em linguagem, o que importa não é seguir regras cegamente, mas saber usá-las com inteligência e sensibilidade.

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