A imagem mostra um palácio islâmico. Abaixo está escrito: islamita, islamista, islâmico - qual a diferença?

Na língua portuguesa, muitas vezes, pequenas mudanças podem alterar totalmente o sentido de um palavra. É o que acontece com o termos islamita, islamista e islâmico.

Neste artigo, vamos explicar o significado de cada um deles e quando usá-los. Também vamos abordar os debates sociológicos que envolvem esses vocábulos. Vejamos!

Islamita x Islamista

Segundo o dicionário Hoauiss, islamita é “seguidor do islamismo, maometano, muçulmano”.

O termo islamista é considerado por alguns dicionaristas como sinônimo de islamita. Há, contudo, um aspecto histórico e social que vem gerando uma diferenciação entre essas duas palavras.

De acordo com estudiosos do islã, como Abdoolkarim Vakil e Margarida Santos Lopes, islamita designa aqueles que seguem o islã como fé.

Em contrapartida, islamista indica as pessoas que usam a religião como arma política e para fazer terrorismo.

De acordo com os pesquisadores, essa distinção de sentido surge em um contexto no qual se vê um crescimento acelerado da islamofobia, ou seja, da rejeição às pessoas que seguem a fé islâmica.

Assim, faz-se necessário adotar termos diferentes para separar a maioria pacífica dos radicais terroristas.

Essa caso demonstra como as palavras carregam em si uma carga de significado que pode se modificar de acordo com o contexto sócio-histórico. É o que chamamos de alteração semântica.

Destaca-se que essa discriminação entre os dois vocábulos é mais fortemente adotada em Portugal do que no Brasil.

Islamita x Islâmico

Segundo o Houaiss, islâmico significa “relativo a islamita ou a islamismo”. Essa palavra exerce somente a função de adjetivo. Por isso, ela deve sempre vir acompanhada de um substantivo (mundo islâmico, ritos islâmicos, princípios islâmicos, etc).

Já o termo islamita pode funcionar tanto como adjetivo quanto como substantivo comum de dois gêneros.

Logo, podemos dizer “os islamistas”, mas não devemos dizer “os islâmicos”.

Na linguagem informal, contudo, pode ocorrer a chamada derivação imprópria, quando um termo é usado em uma função que não lhe cabe (por exemplo, utilizar um adjetivo no lugar de um substantivo).

Por isso, é possível encontrar casos em que o adjetivo islâmico é utilizado como substantivo.

Islã x Islamismo

Aqui temos mais um caso em que as particularidades históricas e sociais influenciam o significado das palavras.

Apesar dos termos serem considerados sinônimos, recentemente se tem visto uma diferenciação entre eles.

Alguns estudiosos, como Santos Lopes e Vakil, explicam que islã designa a religião, já islamismo indica a ideologia de quem utiliza a fé islâmica como arma política.

Ressalta-se, porém, que essa distinção não está registrada nos dicionários brasileiros de forma geral.

Contudo, é importante lembrar – como explicam Dickinson, Brew e Meures – que um dicionário nunca será exaustivo.

Dito de outra forma, a língua é viva e se transforma continuamente. Por isso, o fato de não estar dicionarizado não significa que determinado sentido de uma palavra não deva ser utilizado pelos falantes do idioma.

Curiosidade: Corão x Alcorão

O livro sagrado dos muçulmanos aceita as duas grafias: Corão e Alcorão. “Al” é o artigo definido dos árabes. É similar ao nosso “o”. Logo, Alcorão significa “o Corão”.

No língua portuguesa, é comum que estrangeirismos vindos das Arábias sejam incorporados ao idioma fundindo o nome com o artigo. É o caso, por exemplo, das palavras: alface, almofada, almirante, alfaiate, dentre outras.

Gostou do texto? Então, assista o nosso vídeo sobre a função dos artigos definidos e indefinidos:

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