Composto por 14 versos, o soneto é um poema de forma fixa criado na Itália, no século XIII, por Giacomo da Lentini (1210-1260). Com estruturas e tipos diferentes, os sonetos variam conforme as preferências de quem o escreve.
Na Itália, o poeta de grande destaque com essa produção foi Francesco Petrarca. Em Portugal, o mais popular foi Luís Vaz de Camões. Já no Brasil, Vinicius de Moraes e Olavo Bilac foram os sonetistas mais conhecidos.
Continue a leitura do artigo para saber detalhes sobre o soneto!

Tópicos deste artigo
ToggleResumo sobre soneto
- O principais tipos de soneto são: petrarquiano, shakespeariano, monostrófico e estrambótico.
- O soneto é um poema de forma fixa e os versos decassílabo e o alexandrino são as duas métricas mais utilizadas na construção.
- Os principais sonetistas brasileiros são Vinicius de Moraes, Olavo Bilac e Cruz de Souza.
- Os principais sonetistas europeus são Petrarca, Camões e Bocage.
O que é soneto?
O soneto é uma das formas mais tradicionais da poesia. Ele é composto por 14 versos e conta com uma estrutura que pode variar conforme o seu tipo e escritor. Assim, ele pode ser organizado em dois quartetos e dois tercetos, em três quartetos e um dístico, somente com uma estrofe e até ultrapassar os 14 versos.
Quais são os principais tipos de sonetos?
Os principais tipos de soneto são:
- soneto petrarquiano (ou italiano);
- soneto shakespeariano (ou inglês);
- soneto monostrófico;
- soneto estrambótico.
Abaixo, você confere a estrutura de cada um deles.
Estrutura do soneto
Assim como dito anteriormente, cada tipo de soneto tem uma estrutura:
Tipo de soneto | Características |
Soneto petrarquiano (ou italiano) | Possui dois quartetos (estrofe de quatro versos), e dois tercetos (estrofes de três versos). |
Soneto shakespeariano (ou inglês) | Dispõe de três quartetos (estrofe de quatro versos), e um dístico (estrofe de dois versos) |
Soneto monostrófico | Há apenas uma estrofe |
Soneto estrambótico | Além de 14 versos pode haver uma estrofe no final de até três versos. |
Tipos de verso
Os tipos de versos mais comuns em sonetos são os decassílabos, ou seja, os que têm dez sílabas poéticas e os alexandrinos, com doze sílabas poéticas. Todavia, os escritores não precisam seguir essa regra, podem criar sonetos com outro tipos de metrificação.
Vale dizer que, normalmente, o tema é desenvolvido nos quartetos, enquanto a conclusão ocorre nos tercetos. Assim, o poema se torna lógico e racional, mesmo que alguns falem sobre sentimentos e emoções.
É importante destacar que a fluidez e o ritmo podem mudar no soneto monostrófico e no estrambótico. Porém, o último verso sempre trará a “chave de ouro”, isto é, a conclusão do poema e o esquema de rimas irá variar de escritor para escritor.
Exemplos de soneto
Acompanhe, agora, alguns exemplos de sonetos.
1) Soneto petrarquiano (ou italiano)
Quanto mais perto estou do dia extremo
Que o sofrimento humano torna breve,
Mais vejo o tempo andar veloz e leve
E o que dele esperar falaz e menos.
E a mim me digo: Pouco ainda andaremos
De amor falando, até que como neve
Se dissolva este encargo que a alma teve,
Duro e pesado, e a paz então veremos:
Pois que nele cairá essa esperança
Que nos fez delirar tão longamente
E o riso, e o pranto, e o medo, e também a ira;
E veremos o quão frequentemente
Por coisas dúbias o ânimo se cansa
E que não raro é em vão que se suspira.
Francesco Petrarca (Tradução de Renato Suttana)
2) Soneto shakespeariano (ou inglês)
Rouba, sim, meus amores, amor, eles todos,
O que acaso tens tu que não tinhas outrora?
Verdadeiros amores, nenhum, só engodos;
O que tenho era teu, e isso não é de agora.
Pelo amor que me tens meu amor me tomaste,
E de usar meu amor nunca posso culpar-te,
Entretanto te culpo, se tu te entregaste
Por capricho a quem sempre deixavas à parte.
Eu perdoo teu roubo, ladino gentil,
De ti mesmo furtaste esta minha pobreza;
Eis que o amor sempre soube que é muito mais vil
Suportar-lhe os enganos que a dor da crueza.
…….. Graça cúpida, fonte de males extremos,
…….. Com desprezo me mata, mas nunca lutemos.
William Shakespeare (Tradução de Emmanuel Santiago)
3) Soneto monostrófico
Era a mais suave, a mais azul das tardes…
tão calma que só poderá ter sido
naqueles tempos do bom Reyno Unido
de Portugal, Brasil & Algarve…
Te lembras dessas tardes, Dom João VI?
Pois foi por uma dessas nossas tardes.
Estava eu a meditar um texto
do meu querido Manuel Bernardes
eis senão quando… nada aconteceu:
apenas, eu… não era eu…
nem tu o Rei… as almas não têm nome…
e — no Todo onde tudo se consome —
a mesma pura chama consumia
minha miséria e tua hierarquia!
Mario Quintana – Tarde Antiga
4) Soneto estrambótico
Tenho saudade de mim mesmo,
saudade sob a aparência de remorso,
de tanto que não fui, a sós, a esmo,
e de minha alta ausência em meu redor.
Tenho horror, tenho pena de mim mesmo
e tenho muitos outros sentimentos
violentos. Mas se esquivam no inventário,
e meu amor é triste como é vário,
e sendo vário é um só. Tenho carinho
por toda perda minha na corrente
que de mortos a vivos me carreia
e a mortos restitui o que era deles
mas em mim se guardava. A estrela-d’alva
penetra longamente seu espinho
(e cinco espinhos são) na minha mão.
Estrambote Melancólico – Carlos Drummond de Andrade
Principais sonetistas brasileiros
- Gregório de Matos (1636-1696)
- Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
- Olavo Bilac (1865-1918)
- Francisca Júlia (1871-1920)
- Cruz e Sousa (1861-1898)
- Augusto dos Anjos (1884-1914)
- Jorge de Lima (1893-1953)
- Mario Quintana (1906-1994)
- Vinicius de Moraes (1913-1980)
Principais sonetistas portugueses
- Luís Vaz de Camões (1524-1580)
- Manuel Maria du Bocage (1765-1805)
- Antero de Quental (1842-1891)
- Cesário Verde (1855-1886)
- António Nobre (1867-1900)
- Camilo Pessanha (1867-1926)
- Florbela Espanca (1894-1930)
Origem do soneto
Como já mencionado, o soneto foi criado pelo poeta italiano Giacomo da Lentini (1210-1260) no século XIII. Contudo, esse tipo de poema se popularizou por Francesco Petrarca (1304-1374) e Dante Alighieri (1265-1321).
Algum tempo depois, no século XVII, o poeta e dramaturgo inglês, William Shakespeare (1564-1616) fez com que o chamado “soneto inglês”, criado pelo poeta Henry Howard (1517-1547), entrasse em evidência.
A partir disso, o soneto foi moldado ao estilo de diversos escritores. Contudo, a sua identidade de 14 versos permaneceu até os dias atuais.