Não é surpresa para ninguém que, cada vez mais, as crianças têm feito uso de telas, como smartphones e tablets. Apesar de ter se tornado algo comum se deparar com os pequenos vidrados na tecnologia, é necessário conhecer os efeitos que as telas geram no aprendizado.
Especialmente no ambiente escolar, é preciso compreender os malefícios. Pensando nisso, neste artigo, vamos falar como o uso de telas prejudica a alfabetização. Acompanhe!
Uso excessivo da tecnologia x alfabetização
A tecnologia tem suas vantagens, e a pandemia do novo coronavírus deixou isso bem claro. Afinal, se não fosse por ela, a educação teria sido muito mais impactada pelos efeitos do distanciamento social.
Por intermédio dos tablets, notebooks, televisores e celulares, hoje é possível que crianças e adolescentes tenham acesso a informações, o que é algo muito benéfico se levarmos em consideração que a tecnologia pode ajudar nas pesquisas, trabalhos escolares, dentre outras tantas possibilidades.
No entanto, o uso excessivo de telas, especialmente para crianças menores de 5 anos, tem despertado a preocupação das escolas. Isso porque essa ferramenta pode se tornar uma grande rival da alfabetização.
Desenvolvimento motor
Durante a infância, ocorre o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e social da criança. É nesse período que o cérebro passa a se alimentar de estímulos e interações sociais, e o uso de telas pode prejudicar esse processo. Em outras palavras, o pequeno pode ter falta desses incentivos quando fica preso aos dispositivos tecnológicos, fazendo com que ingresse na escola com déficit de atenção.
Além disso, na fase da alfabetização, as crianças que são acostumadas a digitar o tempo todo, podem apresentar sérias dificuldades para pegar no lápis. Esse tipo de problema também faz com que os estudantes tenham preguiça de escrever e se sintam constantemente frustrados e cansados durante a prática da escrita.
O exercício da escrita não garante apenas o aprendizado da grafia, mas também traz diversas habilidades que vão além de decodificar letras e palavras. Muitas capacidades são desenvolvidas por intermédio da escrita no papel, como a compreensão, memorização e psicomotricidade.
Quando uma criança escreve à mão, ela passa a elaborar suas ideias de maneira mais organizada, compreende melhor o que está sendo escrito e ainda consegue registrar as informações de forma mais simples. Dessa forma, a aprendizagem se torna mais eficiente e significativa.
Como conciliar o uso de telas com a alfabetização?
Primeiramente, é preciso deixar claro que proibir as telas não é o caminho. Entretanto, até os 5 anos de idade, é sugerido que as crianças tenham acesso, no máximo, a uma hora de dispositivos eletrônicos. Nessa faixa etária, é fundamental priorizar as atividades ao ar livre e demais brincadeiras manuais.
Na fase da alfabetização, o uso de celulares, tablets e demais aparelhos com tela pode prejudicar o domínio com o lápis e até mesmo o foco da criança para as atividades propostas pelos educadores. Por essa razão, é importante que os pais policiem os filhos em casa para que o desenvolvimento cognitivo não seja afetado.
Para isso, o monitoramento do tempo de utilização das telas é imprescindível. E, além dos smartphones e tablets, também é preciso ter atenção ao uso da televisão.
Ainda que a criança esteja brincando enquanto a televisão está ligada, o funcionamento neurológico irá permitir que ela preste atenção nas duas coisas ao mesmo tempo. Em razão disso, muitos estímulos também podem atrapalhar.
O uso de telas deve ser feito de forma responsável!
O uso de telas prejudica a alfabetização quando é feito de maneira irresponsável e sem supervisão. Quando os responsáveis monitoram as crianças e respeitam o limite de tempo recomendado, a tecnologia pode ser benéfica.
Por isso, agindo com cautela e ensinando desde cedo aos pequenos sobre a importância de utilizar os dispositivos no tempo certo, tanto a alfabetização quanto os demais processos não serão impactados.
Oito recomendações sobre o uso de telas
Para fechar, trazemos aqui oito recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria para o uso de telas por crianças e adolescentes:
- Limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre dois e cinco anos;
- Limitar o tempo de telas ao máximo de uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre seis e 10 anos;
- Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a duas ou três horas por dia, sempre com supervisão; nunca “virar a noite” jogando para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos;
- Para todas as idades: nada de telas durante as refeições e desconectar uma a duas horas antes de dormir;
- Oferecer como alternativas: atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisão responsável;
- Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família. Issso deve incluir momentos de desconexão e mais convivência familiar;
- Evitar encontros com desconhecidos on-line ou off-line. Os responsáveis devem saber com quem e onde seu filho está. Também devem ter ciência sobre o que as crianças estão jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam);
- Conteúdos ou vídeos com teor de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes, postados por cyber criminosos devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsáveis.
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