Colocar vírgula entre sujeito e verbo é considerado um dos piores erros quando falamos de pontuação. Há, contudo, três casos em que isso é permitido. Nesse artigo, vamos analisar em detalhes cada um deles e trazer as referências que justificam o uso do sinal de pontuação. Confira!

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Toggle1) Intercalações
O primeiro caso em que podemos utilizar vírgula entre sujeito e verbo é o mais tranquilo todos.
Como explica o professor Ernani Terra, “os termos que se intercalam na ordem direta, quebrando a sequência natural da frase, devem vir isolados por vírgulas”.
Em algumas situações, essa intercalação pode aparecer exatamente entre o sujeito e o verbo. Vejamos alguns exemplos:
- A seleção brasileira, no ínicio da preparação para a copa, treina na Granja Comary.
- Paulo, cansado e irrritado, tomou uma atitude impensada.
- O referido comício, realizado na úlitma quinta-feira, contou a presença de várias autoridades.
2) Orações adjetivas restritivas longas
Este é, com certeza, o mais complexo e menos consensual caso de uso da vírgula entre sujeito e verbo. Seu principal defensor é o gramático Evanildo Bechara. De acordo com o estudioso da língua portuguesa:
Emprega-se a vírgula para separar quase sempre, as orações adjetivas restritivas de certa extensão, principalmente quando os verbos de duas orações diferentes se juntam. Esta pontuação pode ocorrer ainda que separe por vírgula o sujeito expandido pela oração adjetiva.
Nesse sentido, Bechara traz o seguinte exemplo:
- Os que falam em matérias que não entendem, parecem fazer gala da sua própria ignorância.
Vale dizer que a professora Amini Boainain Hauy também chancela esse entendimento. Contudo, ela é menos taxativa e não chega a registrar especificamente a questão da separação de sujeito e predicado.
Segundo a pesquisadora, “faculta-se, porém, o seu emprego (da vírgula) no fim da oração quando a adjetiva restritiva é muito longa”.
Polêmico, meus caros, polêmico.
3) Sujeito oracional
O último caso de vírgula entre sujeito e verbo é bem explicado pelo professor Cláudio Moreno. De acordo com o estudioso, “quando o sujeito for oracional (representado por uma oração substantiva), os bons escritores empregam, muitas vezes, uma vírgula para assinalar com maior clareza o fim do bloco do sujeito”.
Esse tipo de situação ocorre, principalmente, quando o verbo da oração substantiva é imediatamente seguido do verbo da oração principal.
Moreno destaca, ainda, que, em geral, o emprego dessa vírgula é facultativo. Vejamos alguns exemplos:
- Quem não faz, leva.
- Quem quer, faz.
- Quem não deve, não teme.
Contudo, quando temos a repetição do mesmo verbo em ambas as orações, o professor defende que o uso da vírgula é obrigatório:
- Quem sabe, sabe.
- Quem vai, vai. Quem fica, fica.
- Quem pode, pode.
Resumo
Para ajudá-lo a fixar os três casos, elaboramos a tabela abaixo com os casos em que é possível colocar vírgula entre sujeito e verbo:
Caso | Descrição | Exemplo |
---|---|---|
1. Intercalações | Quando há elementos intercalados entre o sujeito e o verbo (como explicações ou informações adicionais), isolados por vírgulas. | A seleção brasileira, no início da preparação para a copa, treina na Granja Comary. |
2. Orações adjetivas restritivas longas | Quando o sujeito é expandido por uma oração adjetiva restritiva longa, e essa estrutura é separada do verbo por vírgula para facilitar a leitura. | Os que falam em matérias que não entendem, parecem fazer gala da sua própria ignorância. |
3. Sujeito oracional | Quando o sujeito é uma oração substantiv e o verbo principal segue logo após. A vírgula ajuda a marcar o fim do sujeito. | Quem não deve, não teme. Quem sabe, sabe. |
Referências
- Gramática da Língua Portuguesa Padrão, Amini Boainain Hauy, página 432.
- Curso Prático de Gramática, Ernani Terra, página 320.
- Moderna Gramática da Língua Portuguesa, Evanildo Bechara, página 610.
- Guia Prático do Português Correto, Cláudio Moreno, páginas 35 a 37.
Confira um resumo do artigo no vídeo abaixo: