Com uma enorme influência e legado para a alfabetização, Ana Teberosky (1944-2023) foi uma das mais importantes educadoras e pesquisadoras da área de Psicologia e Educação. Nascida em Buenos Aires, na Argentina, Teberosky dedicou boa parte da sua vida para pesquisas sobre alfabetização na Espanha.
Durante toda a sua trajetória, Teberosky se empenhou em compreender todo o processo ligado à aprendizagem da leitura e escrita no universo infantil. Assim, tornou-se reconhecida também no construtivismo pelo seu olhar voltado para a sala de aula e ao fazer pedagógico.
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ToggleAna Teberosky: Um novo olhar para a alfabetização
Junto à Emilia Ferreiro, Ana Teberosky escreveu o livro “Psicogênese da língua escrita”, obra que ressignificou a forma como a alfabetização para as crianças era vista. Na publicação, ambas defenderam que a aquisição da escrita é um processo construtivo, baseado na forma que os alunos entendem o universo letrado.
Dessa forma, a obra evidenciou o quanto as crianças dão indícios do nível em que se encontram durante a aprendizagem da escrita. Essas pistas auxiliam os professores na hora de planejar atividades para que elas avancem para as outras etapas.
Em decorrência dessa nova abordagem proposta pelas autoras, a forma de alfabetizar as crianças sofreu modificações. Isso porque mostrou ao mundo, especialmente aos profissionais da educação, o quanto o caminho percorrido na alfabetização está ligado à bagagem cognitiva de cada aluno.
Em outras palavras, Teberosky e Ferreiro apresentaram uma série de erros cometidos por educadores ao tentar ensinar um aluno a ler e a escrever por meio de métodos prontos e repetições. A “Psicogênese da língua escrita” aborda a importância de as crianças exercerem um papel de protagonistas em sala de aula, valorizando os seus conhecimentos prévios.
Além dessa obra em questão, outros artigos publicados pela autora argentina falam sobre a interação entre as crianças como potencialização da aprendizagem. Concepções como estas incentivam professores a entenderem que a alfabetização é uma construção que demanda entrosamento, ou seja, quando um aluno interage com a escrita de outro, acaba refletindo sobre e aprimorando a própria escrita.
Como as pesquisas de Teberosky contribuíram para a alfabetização?
As pesquisas ao longo da carreira de Teberosky contribuíram com algo já muito defendido pelos especialistas: não há uma única forma para se alfabetizar. Assim, segundo a teoria da psicogênese, os professores são livres para usar diversas estratégias visando ajudar os alunos a avançarem na aprendizagem.
Teberosky acreditava que as crianças faziam parte de uma cultura letrada, isto é, chegavam à alfabetização já com uma bagagem fundamental para a utilização social da escrita. Assim, o ambiente deveria ser alfabetizador, construído para preparar os alunos para a leitura e para as demais atividades de oralidade.
A própria autora, em entrevista, destacou que os professores devem ler para as crianças, pois a linguagem dos livros é diferente da falada, devido a sua densidade lexical e demais construções. Além disso, a escrita trata-se de uma modalidade de linguagem que se relaciona com os alunos de diferentes maneiras, ou seja, o desenvolvimento da oralidade auxilia na escrita, bem como o conhecimento prévio auxilia no desenvolvimento oral.
Quais são os legados deixados por Ana Teberosky?
Ana Teberosky escreveu diversos artigos, livros e pesquisas durante a sua longa trajetória na educação. Dentre seus legados, podemos destacar:
- Reflexões sobre o ensino da leitura e da escrita (2000);
- Aprendendo a escrever: perspectivas psicológicas e implicações educacionais (2001);
- Aprender a ler e a escrever: uma proposta construtivista (2003);
- Psicopedagogia da linguagem escrita (2014).
O legado deixado por Teberosky na educação é inegável. As suas pesquisas foram fundamentais para a construção de um novo olhar para a alfabetização. Embora a educadora tenha falecido em 2023, suas contribuições permanecem vivas, influenciando professores em sala de aula por todo o mundo.
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