A língua portuguesa é rica em fenômenos sintáticos e estilísticos que muitas vezes passam despercebidos no dia a dia. Um deles é o sujeito pleonástico, também conhecido como duplo sujeito. Neste artigo, vamos entender o que é esse fenômeno, quando ele ocorre e como diferenciá-lo de outros recursos linguísticos.
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ToggleO que é o Sujeito Pleonástico?
O sujeito pleonástico ocorre quando um sujeito já expresso na oração é retomado por um pronome pessoal reto ou demonstrativo. De acordo com o professor Fernando Pestana, esse fenômeno, comum na fala espontânea e em textos estilizados, tem um papel enfático, mas não altera a estrutura sintática da frase.
Exemplos:
- O professor, ele não veio hoje.
- Sintaxe, esse tema ainda causa muita dúvida.
- Aqueles que se dedicam aos estudos, eles alcançam a aprovação.
Nessas frases, os termos destacados antes da vírgula são os sujeitos originais, enquanto os pronomes que os seguem reforçam a informação, sem necessidade gramatical.
Características
- Reforço do sujeito: ocorre quando o sujeito é retomado na mesma oração por um pronome.
- Uso coloquial: mais frequente na linguagem falada e textos informais.
- Ênfase e clareza: a repetição pode ser usada para dar destaque à informação.
- Presença da vírgula: o sujeito pleonástico geralmente aparece separado por vírgula do restante da oração.
Diferença entre Sujeito Pleonástico e Anacoluto
Muitas vezes, o sujeito pleonástico pode ser confundido com outros fenômenos sintáticos, como o anacoluto. Para ajudar a distinguir esses dois conceitos, a tabela abaixo mostra as principais diferenças:
Fenômeno | Definição | Exemplo |
---|---|---|
Sujeito Pleonástico | O sujeito é repetido por um pronome, enfatizando a informação. | “Os alunos, eles estudam muito.” |
Anacoluto | Um termo no início da frase não tem função sintática dentro dela. | “Os meus tênis, o que houve com eles?” |
No anacoluto, o termo inicial não é um sujeito real da oração, apenas um elemento introduzido sem função sintática. Já no sujeito pleonástico, há uma retomada do sujeito por um pronome.
Exemplos na literatura e na Bíblia
Esse fenômeno não é exclusividade da fala coloquial. Como mostra Pestana, ele aparece em textos estilizados e até mesmo na literatura clássica. Veja alguns exemplos:
- Bíblia (Ezequiel 18:4): “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.”
- Carlos Drummond de Andrade: “Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.”
Nesses trechos, a repetição enfatiza o sujeito, trazendo maior expressividade ao texto.
Quando evitar o Sujeito Pleonástico?
Apesar de não ser um erro gramatical, o uso do sujeito pleonástico deve ser evitado em situações formais, especialmente na escrita acadêmica e técnica, quando não há intenção estilística. Afinal, em textos formais, a concisão é valorizada, e a repetição do sujeito pode ser considerada redundante.
O sujeito pleonástico é um fenômeno linguístico natural e recorrente na comunicação cotidiana. Embora sua repetição não seja gramaticalmente incorreta, seu uso deve ser consciente, dependendo do contexto e do objetivo do texto.