Autismo

Renata é jornalista e criou um curso para ensinar professores a lidar com estudantes com autismo, TDHA e outros transtornos.

Há algo fundamental na educação, que afeta milhões de crianças, mas que muitas vezes é pouco valorizado, ou mesmo ignorado, por grande parte das pessoas: acessibilidade. Cada ser humano é um indivíduo único e, por isso, tem necessidades específicas na hora de aprender.

Nesta entrevista, conversamos com a jornalista Renata Monteiro, que montou um curso voltado para professores engajados que desejam fazer a diferença e aprender a lidar com estudantes com autismo, TDHA e outros transtornos. É um conteúdo riquíssimo e muito difícil de se encontrar por aí.

Na conversa, Renata explicou de onde surgiu a ideia. Ela também aborda quais são os principais obstáculos para os estudantes com autismo, TDHA e outros transtornos e explica a diferença entre os conceitos de INTEGRAÇÃO e INCLUSÃO. Tá imperdível!

1) Conta um pouco da sua história. Por que você se envolveu com o tema da edução inclusiva? Como nasceu o Papo de Infância?

Há tempos eu desejava mudar o meu rumo profissional e em setembro de 2016 fui dispensada do trabalho. Na época, decidi que não queria voltar ao mercado de trabalho convencional. Buscava fazer algo que me desse mais tempo de qualidade com o meu filho, hoje com 4 anos, e que me permitisse flexibilidade geográfica.

Me inscrevi num curso online de empreendedorismo materno e achei que ele fosse me dar uma “luz” sobre que projeto colocar em prática. Mas isso não aconteceu. Foi quando surgiu o Realize. Lá que eu me encontrei e decidi criar o Papo de Infância – lançado há 9 meses com a proposta de levar pais a refletirem sobre a importância dos 6 primeiros anos de vida na formação da pessoa.

Três meses após o lançamento do site eu convidei uma amiga – mãe de uma criança autista – para falar sobre o TEA. Eu havia acompanhado toda a trajetória de dificuldades dela e considerava importante discutir o assunto. Foi o meu primeiro contato mais profundo com a educação inclusiva.

2) Quais os principais obstáculos que as crianças autista, com TDHA e outros transtornos enfrentam dentro das escolas?

Os principais obstáculos para as crianças com diferentes tipos de diagnósticos, na minha avaliação, são:

– Diagnóstico tardio;

– Falta de olhar individualizado e sensível da escola em relação ao aluno  (pais de primeira viagem nem sempre percebem que o filho foge aos padrões de desenvolvimento. Mas a escola, que tem know-how no relacionamento com essas crianças, deveria perceber e orientar a família a procurar uma avaliação médica. Só que nem sempre isso acontece);

– Falta de preparo da escola e da equipe pedagógica para lidar com a diferença em sala de aula (Mesmo quando a criança já chega com um diagnóstico definido… o professor, via de regra, fica perdido sobre como lidar com esse aluno. Tem dúvidas sobre as práticas pedagógicas, avaliação, sobre como se aproximar desse aluno e ajudá-lo a se desenvolver).

3) Você pode explicar melhor pra gente a diferença entre integração e inclusão?

Inclusão é a inserção total e incondicional da pessoa em determinado ambiente ou situação. Já integração é a inserção parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa.

Exemplos:

– Inclusão exige mudanças que beneficiam toda e qualquer pessoa.

– Integração prevê ajustes que visam, prioritariamente, a pessoa com deficiência.

– Inclusão exige mudanças profundas / integração prevê mudanças superficiais.

4) Você está lançando agora um curso voltado para professores. Conta um pouco o objetivo e os conteúdos que você aborda lá.

Durante a série de reportagens sobre autismo, muitos professores me procuraram relatando as próprias dificuldades em lidar com esse alunos em sala de aula. Por esse motivo, eu transformei a série sobre autismo em palestra para escolas. Durante as apresentações, vários profissionais contaram que também se sentiam inseguros para lidar com alunos que tinham outras síndromes. A partir daí, decidi dar a minha contribuição.

Como, além de jornalista, também sou professora,  fiz uma profunda pesquisa, conversei com vários profissionais e formatei o conteúdo abaixo. ficado nos problemas reais da sala de aula. O curso tem 14 videoaulas e 3 módulos que abordam:

  • A diferença entre Dificuldade e Transtorno de Aprendizagem;
  • Características do Autismo, TDHA, Dislexia, Síndrome de Down e Síndrome de Irlen;
  • Aprender como se relacionar com esses alunos;
  • Conhecer estratégias para aproximar a família da escola;
  • Plano de Aula Individualizado, adaptação curricular e avaliação;
  • Como integrar e incluir;
  • A importância da brincadeira;
  • Música como estímulo.

5) Tem alguma questão que eu não tratei e que você considera importante?

O que eu considero importante destacar é que esse curso do Papo de Infância tem o objetivo de chamar a atenção para a necessidade de  uma escola mais inclusiva. Uma escola que acolha todo e qualquer aluno, invista e acredite no potencial de desenvolvimento dele. O aluno de hoje mudou. Com ou se síndrome, ele precisa ser olhado e avaliado de forma diferente. E isso exige uma nova postura dos profissionais, com mais empatia e sensibilidade.

Gostou da entrevista? Então, confira a conversa que tivemos com o pessoal do canal É LIBRAS sobre o ensino e aprendizagem de português para surdos: