Literatura de cordel é um gênero literário tradicional da cultura popular brasileira, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.

Os estados em que se destaca são: Paraíba, Pernambuco, Pará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia.

É feita em versos, por isso também é chamado de literatura popular em verso.

Origem da literatura de cordel

A literatura de cordel teve início em Portugal, por volta do século XII, com os trovadores medievais. Como o analfabetismo era generalizado, os textos eram tradicionalmente transmitidos de forma oral.

Mas com a criação da prensa durante o Renascimento, as histórias começaram a ser publicadas no formato de folhetos. Nesse período, os cordéis também ganharam espaço em países como Espanha, França e Itália.

Esses folhetos ficavam pendurados em cordel, ou seja, em cordas, para serem vendidos em feiras, bancos e mercados. Daí a origem do nome desse gênero literário.

Com a chegada dos portugueses ao Brasil, a literatura de cordel foi introduzida no nosso país ainda no período colonial. Foi difundida por meio dos repentistas (ou violeiros), os quais contavam histórias de forma musicada e rimada nas ruas das cidades.

Na segunda metade do século XIX, as impressões de folhetos brasileiros começaram. A tradição de vendê-los pendurados em cordas, contudo, não prosseguiu tão fortemente por aqui, sendo possível encontrá-los à venda pendurados ou não.

Características da literatura de cordel

– Aborda fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, religiosidade, temas políticos, etc.;

– Fortalece as identidades regionais, o folclore;

– É escrito em versos, contém rimas e métricas;

– Privilegia a linguagem simples, coloquial e regional;

– Uso de humor, ironia e sarcasmo;

– Apresenta algumas ilustrações, principalmente xilogravuras;

– É tradicionalmente declamado pelos cordelistas;

– É uma literatura de valor acessível.

Estrutura do cordel

Quadra: estrofe de quatro versos (não é mais utilizada);

Sextilha: estrofe de seis versos (é a mais conhecida);

Septilha: estrofe de sete versos (é a mais rara);

Oitava: estrofe de oito versos;

Quadrão: os três primeiros versos rimam entre si, o quarto com o oitavo e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si;

Décima: estrofe de dez versos;

Martelo: estrofes formadas por decassílabos (comuns em desafios e versos heroicos);

Galope à beira-mar: estrofe de dez versos hendecassílabos (com 11 sílabas);

Redondilha: verso de cinco ou sete sílabas;

Carretilha: décima de redondilhas menores rimadas na mesma disposição da décima clássica.

Principais obras do cordel brasileiro

A chegada de Lampião no céu, de Rodolfo Coelho Cavalcante;

Cordel, de Patativa do Assaré;

Antologia da literatura de cordel, de Sebastião Nunes Batista;

O flautista misterioso e os ratos de Hamelin, de Braulio Tavares;

A mulher roubada, de Leandro Gomes de Barros;

Canudos na literatura de cordel, de José Calasans;

Cordéis que educam e transformam, de Costa Senna;

O menino do dinheiro em cordel, de Reinaldo Domingos e José Santos;

Desafios de cordel, de César Obeid;

Antologia do cordel brasileiro, de Marco Haurélio;

Colcha de retalhos, de Moreira de Acopiara;

Mitos e lendas do Brasil em cordel, de Nireuda Longobardi;

Minhas rimas de cordel, de César Obeid;

Zumbi dos Palmares em cordel, de Madu Costa.

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