José Lins do Rego foi um romancista e jornalista paraibano que fez parte da Geração de 30 do modernismo brasileiro. O autor integrou o “Movimento Regionalista do Nordeste”, é patrono da Academia Brasileira de Letras e teve sua obra Riacho Doce transformada em minissérie de televisão.
Vida pessoal e profissional
José Lins do Rego Cavalcanti nasceu em 3 de junho de 1901, no Engenho Corredor, no município de Pilar, Paraíba. Seu pai, João do Rego Cavalcanti, e sua mãe, Amélia Lins Cavalcanti, eram de uma tradicional família da oligarquia do Nordeste açucareiro. No mesmo ano de seu nascimento, ficou órfão de mãe e sua criação ficou por conta de seus avós.
Seus primeiros estudos foram no Instituto Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Itabaiana, em regime de internato. Depois fez o curso secundário em João Pessoa, no Colégio Diocesano Pio X. Em 1918, após presenciar a decadência dos engenhos de açúcar, que deu lugar às usinas, mudou-se para o Recife. Nessa cidade, estudou no Colégio Carneiro Leão e Osvaldo Cruz.
No ano seguinte à mudança, matriculou-se na Faculdade de Direto do Recife. Enquanto cursava o ensino superior, fez amizade com os escritores José Américo de Almeida, Olívio Montenegro e, principalmente, com o polímata Gilberto Freyre, quem muito o influenciou. Nessa época, passou a colaborar no Jornal do Recife.
José Lins formou-se em 1923 e, dois anos depois, já estava ocupando o cargo de promotor, em Manhuaçu, Minas Gerais. Casou-se com D. Filomena Masa Lins do Rego em 1924. Em 1926, mudou-se para Maceió e lá trabalhou como fiscal de bancos e de consumo até 1935, além de ter escrito para o Jornal de Alagoas.
Paralelamente, em 1932, publicou com os próprios recursos o seu primeiro livro, Menino de engenho, o qual lhe rendeu o Prêmio Graça Aranha.
A partir de 1935, transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como fiscal do imposto de consumo novamente e colaborou em alguns jornais, mas sem deixar de lado suas produções literárias. Entre 1942 e 1954, foi secretário-geral da Confederação Brasileira de Desportos.
Em 15 de setembro de 1955, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo o quarto ocupante da Cadeira 25, na sucessão de Ataulfo de Paiva.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1957.
Prêmios de José Lins do Rego
– Prêmio Graça Aranha, pelo romance Menino de engenho (1932);
– Prêmio Felipe d’Oliveira, pelo romance Água-mãe (1941);
– Prêmio Fábio Prado, pelo romance Eurídice (1947);
– Prêmio Carmem Dolores Barbosa, pelo romance Cangaceiros (1953).
Características da literatura de José Lins do Rego
José Lins do Rego transportou para a literatura muito de sua vivência no engenho, o que traz um caráter memorialístico às suas obras. Seu primeiro livro, Menino de engenho, inaugurou o chamado “Ciclo da Cana-de-Açúcar”, uma série de cinco romances que retratam a decadência dos engenhos açucareiros no Nordeste entre o fim do século XIX e o início do século XX.
No Ciclo da Cana, o olhar crítico e realista do autor sobre a realidade brasileira é evidenciado nos relatos de relações abusivas de trabalho que ocorreram após a abolição da escravatura. Assim, temos a presença também do determinismo nas narrativas, visto que o meio determina o caráter e o destino dos personagens que vivem sob regime semiescravista.
A publicação do romance Fogo morto, em 1943, é considerada síntese de todo o Ciclo da Cana-de-Açúcar, sendo o ponto máximo da sua obra. No livro, que é o último da série, os engenhos dão lugar às poderosas usinas.
José Lins também ilustrou outras características típicas da vida nordestina, tais como o misticismo e o cangaço, presentes em Pedra Bonita e Cangaceiros. Já os romances Água-mãe e Eurídice são os únicos que estão ambientados fora do Nordeste.
Do ponto de vista linguístico, o autor não demonstra apegos formais. Suas narrativas são marcadas por uma linguagem simples e coloquial, baseada na oralidade, pois o autor escreve da forma como se fala.
Lista de obras de José Lins do Rego
1932 – Menino de engenho
1933 – Doidinho
1934 – Banguê
1935 – O moleque Ricardo
1936 – Usina
1936 – Histórias da velha Totônia
1937 – Pureza
1938 – Pedra bonita
1939 – Riacho doce
1941 – Água-mãe
1942 – Gordos e magros
1943 – Fogo morto
1945 – Poesia e vida
1947 – Eurídice
1951 – Bota de sete léguas
1952 – Homens, seres e coisas
1953 – Cangaceiros
1954 – A casa e o homem
1955 – Roteiro de Israel
1956 – Meus verdes anos
1957 – Gregos e troianos
1957 – Presença do Nordeste na literatura brasileira
1958 – O vulcão e a fonte
*
Gostou do artigo? Então, continue seus estudos com o nosso Guia da Literatura.