Ariano Suassuna foi escritor, dramaturgo e poeta brasileiro. Autor do Auto da Compadecida, foi também considerado um dos mais importantes autores do modernismo brasileiro da geração de 1945. Além de um dos maiores escritores do Brasil, Ariano também atuou como professor e foi precursor de um movimento que enalteceu as artes populares.

Eleito a cadeira de n°32 na Academia Brasileira de Letras, Suassuna também foi membro da Academia Pernambucana de Letras no ano de 1993 e da Academia Paraíba de Letras em 2000. Figura literária da cultura nordestina, Ariano ultrapassou as fronteiras regionais, tornando-se muito querido por todo o público brasileiro.

Quem foi Ariano Suassuna?

Ariano Suassuna - vida e obra

Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, em João Pessoa, antes chamada de Nossa Senhora das Neves, na Paraíba. Filho de João Suassuna, politico influente, assassinado em meio a Revolução de 30, Ariano viu a sua vida marcada por este trágico episódio. No entanto, defendeu, até o fim de seus dias, a inocência do pai, acusado de ter sido o mandante do homicídio contra o então governado da Paraíba, João Pessoa. 

Após a trágica ocorrência, Ariano mudou-se para Taperoá, também na Paraíba, junto a sua família. Permaneceu no município de 1933 a 1937 e lá cursou o primário. Contudo, no ano de 1938, com 11 anos, mudou-se para Recife e concluiu os estudo em 1945.

Em 1946, entrou para a faculdade de direito com 19 anos e, nesta época, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco junto ao colega Hermilo Borba Filho. Em 1947, escreveu “uma mulher vestida de sol”, sua primeira peça, a qual recebeu o prêmio Nicolau Carlos Magno. 

Formou-se na faculdade de direito, em 1950 e chegou a trabalhar na área de advocacia. Entretanto, não deixou de lado a sua aptidão pela escrita e continuou escrevendo peças e romances. Abandonou a carreira de direito em 1956 e assumiu o cargo de professor de estética na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

Casou-se em 1957, com Zélia de Andrade Lima Suassuna e teve seis filhos. 

Ariano Suassuna como professor

Ainda como professor, Ariano Suassuna continuou atuando na dramaturgia e fundou o Teatro Popular do Nordeste, também com a ajuda do amigo Hermilo Borba Filho. Permaneceu na profissão docente até 1994, ano em que se aposentou pela UFPE.

Foram muitas as obras de Suassuna criadas para a literatura popular. Ligado a esse tema, Ariano foi membro do Conselho Federal de Cultura, nos anos de 1967 a 1973. Em simultâneo, também fez parte do Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco, onde ocupou o cargo de 1968 até 1972. Além disso, de 1969 a 1974, foi diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE.

Ariano Suassuna e o Movimento Armorial

A partir do ano de 1979, Ariano iniciou o “Movimento Armorial”, que tinha como foco as expressões populares. O objetivo central era trazer as artes populares, bem como o folclore, concedendo mais valor aos temas. 

Esse movimento incluiu diversas manifestações artísticas, como:

  • dança;
  • música;
  • artes plásticas;
  • teatro;
  • literatura;
  • cinema;
  • dentre outros. 

Premiações recebidas

Ariano Suassuna recebeu muitas premiações, dentre elas, destacam-se:

  • medalha de ouro pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais, com a peça Auto da Compadecida em 1964;
  • Prêmio Nacional de Ficção, em 1973;
  • Título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 2000;
  • Prêmio da Fundação Conrado Wessel (FCW), em 2008.

Falecimento de Ariano Suassuna 

Em 2007, Suassuna assumiu o comando da Secretaria Especial de Cultura do Estado de Pernambuco, porém continuou lecionando teatro e ainda retomou as peças paradas desde 1981. 

Ariano faleceu aos 83 anos, na data de 23 de julho de 2014, em Recife, Pernambuco. Vítima de uma parada cardíaca. O fato ocorreu após ele ter sido internado devido a um AVC hemorrágico. 

Ao longo de sua vida, produziu 25 peças de teatros que se tornaram conhecidas por diversos brasileiros por meio das encenações, filmes e livros. 

Obras e livros de Ariano Suassuna

As obras de Ariano Suassuna, especialmente as teatrais, carregam características muito semelhantes, como o humor, na maioria das vezes atrelado às críticas sociais e aos elementos da cultura nordestina. Além disso, as suas produções literárias também fazem parte de um contexto histórico voltado para a questão estética. 

Suassuna escreveu dramaturgias, ensaios, romances e poemas. Dentre a vasta gama de obras que merecem destaque estão: “Uma Mulher Vestida de Sol” (1947), “Os homens de barro” (1949), “A história do amor de Fernando e Isaura” (1956) “As infâncias de quaderna” (1976) e Auto da Compadecida, a obra mais famosa do autor. 

“Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.” (Frase de Ariano Suassuna)

Confira abaixo a lista de obras e livros do autor paraibano:

  • Uma mulher vestida de Sol (1947)
  • Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa (1948)
  • Os homens de barro (1949)
  • Auto de João da Cruz (1950)
  • Torturas de um coração (1950)
  • O arco desolado (1952)
  • O castigo da soberba (1953)
  • O Rico Avarento (1954)
  • Auto da Compadecida (1955)
  • O casamento suspeitoso (1957)
  • O santo e a porca (1957)
  • O homem da vaca e o poder da fortuna (1958)
  • A pena e a lei (1959)
  • Farsa da boa preguiça (1960)
  • A Caseira e a Catarina (1962)
  • As conchambranças de Quaderna (1987)
  • Fernando e Isaura (1956, inédito até 1994)
  • A História de amor de Fernando e Isaura (1956)
  • Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971)
  • História d’O Rei Degolado nas caatingas do sertão: ao sol da Onça Caetana (1977)
  • A Ilumiara – Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores (2017) – publicação póstuma
  • O Movimento Armorial (1974)
  • Iniciação à Estética (1975)
  • A Onça Castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura brasileira (1976) – tese de livre-docência

O Auto da Compadecida

A obra O Auto da Compadecida é a mais famosa de Araiano Suassuna. Trata-se de uma peça teatral em três atos (um auto) escrita em 1955. A peça é um drama que se passa na região Nordeste e traz diversos elementos da literatura de cordel.

A narrativa conta a história da dupla de protagonistas, João Grilo e Chicó (que ficou famoso pela frase “Não sei. Só sei que foi assim”. A obra mistura cultura popular e tradição religiosa, mesclando comédia com traços do barroco católico brasileiro.

Na escrita, a obra traz vários traços da oralidade, até por ser uma peça produzida para ser interpretada por atores, e também diversos regionalismos.

Em 1999, O Auto da Compadecida se tornou uma minissérie na Rede Globo e, em 2000, os episódios foram reunidos em um filme para o cinema.

Cena de
Selton Melo e Mateus Nachtergaele interpretaram Chicó e João Grilo.

Frases de Ariano Suassuna

Suassuna ficou nacionalmente conhecido como um grande frasista. Isso fica claro pela quantidade de vídeos com trechos de suas palestras que podem ser encontrados pela internet. Por isso, abaixo selecionamos cinco frases famosas do autor nordestino:

  • “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
  • “Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.”
  • “Não troco o meu ‘oxente’ pelo ‘ok’ de ninguém!”
  • “O sonho é que leva a gente para a frente. Se a gente for seguir a razão, fica aquietado, acomodado.”
  • “Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas.”

Poemas de Ariano Suassuna

Além de romances, peças e obras acadêmicas, Suassuna também foi poeta. Nesse sentido, confira abaixo a lista com alguns dos poemas escritos por ele:

  • O pasto incendiado (1945-1970)
  • Ode (1955)
  • Sonetos com mote alheio (1980)
  • Sonetos de Albano Cervonegro (1985)
  • Poemas (antologia) (1999)
  • Os homens de barro (1949)

*

Gostou do artigo? Então, continue seus estudos com o nosso Guia da Literatura.