Empréstimos linguísticos ocorrem quando palavras de outras línguas se incorporam ao léxico de outra determinada língua. Neste artigo, vamos falar mais sobre esse conceito e trazer exemplos. Vejamos!

As línguas são dinâmicas. Uma palavra não tem dono e pode ser incorporada livremente a qualquer idioma. No Brasil, apagar já virou deletar, impressão virou print, união agora é link e trabalho remoto, home office.

A lista de palavras que transitam entre diferentes culturas e falantes de países distintos e são incorporadas aos vocabulários “hospedeiros” é cada vez maior no mundo globalizado. Mas vale lembrar que esse fenômeno – chamado de “empréstimo linguístico” – não é recente nem fruto apenas da influência do inglês.

Há muitos exemplos de palavras de origem árabe, latina e indígena que usamos frequentemente como se tivessem nascido em solo brasileiro. Desde as grandes navegações é assim: começamos a receber empréstimos de línguas asiáticas, africanas, indígenas e europeias.

Sem referências locais

Os empréstimos linguísticos demonstram as influências, históricas ou momentâneas, recebidas de outras línguas, aqui para nós, na língua portuguesa. Em geral, o português toma emprestado de outro idioma palavras e expressões que ainda não encontravam uma referência local. Podemos citar como exemplo: hot-dog, garçom, playground, drag queen, remix, site, piercing, notebook, scanner, mouse, shopping, cowboy, marketing, abajur, office, online, entre outras.

A origem de todas essas palavras é estrangeira (até em Portugal). Mas passaram a ser populares no Brasil, não sem antes muitas delas terem sido “aclimatadas”, ou “tropicalizadas”, caso de tabaco (“tobacco”), surfe (“surf”), sanduíche (“sandwich”), café (“coffee”), xampu (“shampoo”) e até mesmo futebol (“football”, mais precisamente, “soccer”).

A diferença na pronúncia dessas palavras é flagrante. Seus sons e padrão fonológico foram mexidos ao sabor do povo local, o que afasta a ideia de que usar esses termos é sinal de subserviência. Outro exemplo conhecido é o da palavra forró, que teria sido gerada da “tradução peculiar” do termo em inglês “for all”.

Neologismo e estrangeirismo

Palavras existentes podem ser recriadas e adquirirem novas acepções: estes são os neologismos semânticos, que surgem em qualquer parte do globo terrestre. Quando um termo vai para o dicionário de uma língua diferente, chamamos isso de estrangeirismo.

A influência dos recursos tecnológicos e da internet no mundo atual é um celeiro de neologismos, como mouse (termo preexistente, mas que assumiu outra acepção) e disquete (o termo já envelheceu, bem sei, mas ilustra o que estou a dizer, inclusive com a forma aportuguesada de “disket”, “diskette” ou “disk”).

Falsos cognatos

No dia a dia, todas essas trocas de palavras e expressões podem causar algumas confusões, sobretudo quando a palavra emprestada muda de significado na língua de destino. Estes são os falsos cognatos.

Para um italiano, pasta é massa (macarrão). Para um brasileiro, pode ser o creme dental ou o objeto de guardar papéis. O inverso também aconteceu: marmelada (doce de marmelo) foi tomada de empréstimo do português para o inglês como “marmalade”. Só que lá o termo representa uma geleia de laranja com pedaços de casca ou alguma outra espécie de compota ou doce pastoso.

No inglês, “prejudice” não quer dizer prejuízo, mas sim preconceito. “Push” é empurrar e “pull” é puxar. Da mesma forma, “exquisite” significa requintado, e não esquisito, como pode parecer.

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